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Aos ricos não lhes afecta a crise: o mercado de artigos de luxo bate um novo recorde de vendas
A dinâmica do sector manteve-se no primeiro trimestre de 2023, com um crescimento entre 9% e 11%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A crise que o país atravessa não afecta os que têm os bolsos mais cheios. Enquanto muitas famílias espanholas lutam para fazer face às despesas, os ricos não se privam dos seus caprichos e o mercado de artigos de luxo está a atingir um novo recorde.
Bain & Company prevê que o mercado de artigos de luxo cresça entre 9% e 12% neste ano face ao valor recorde atingido em 2022 de 345.000 milhões de euros em valor de mercado, segundo a última edição do seu relatório sobre o sector.
O sector continuará a crescer
A dinâmica do sector manteve-se no primeiro trimestre de 2023, com um crescimento entre 9% e 11% em relação ao mesmo período do ano passado. O mercado do luxo continuará a crescer até situar-se entre 360.000 e 380.000 milhões de euros em 2023, face aos 345.000 milhões de 2022, prevê o estudo da consultora.
Bain & Company prevê dois cenários para o futuro do mercado de luxo: um positivo que aponta a um crescimento sólido em 2023 impulsionado pela recuperação na China e o crescimento da Europa e América e estabilizando no crescimento das vendas, e outro cenário mais realista com um crescimento global mais afetado por um abrandamento nos mercados mais maduros, o que poderia influenciar negativamente o consumo de luxo.
Maior confiança do consumidor
Nesta previsão espera-se um crescimento das vendas no mercado de artigos de luxo pessoais que se situa entre 5% e 8% face a 2022. Face a 2030, a consultora estima que o mercado de artigos de luxo pessoais continuará a crescer, até atingir um valor dentre 530.000 milhões de euros e 570.000 milhões, 2,5 vezes o tamanho do sector em 2020.
A consultora mundial atribui este aumento a uma série de factores, tais como o abrandamento gradual da hiperinflação, a recuperação da confiança dos consumidores na Europa, o levantamento das restrições sanitárias na China antes das compras do Ano Novo Chinês, bem como a dinâmica no Japão e no Sudeste Asiático, impulsionada pelo turismo.
As diferenças entre países
As diferenças, segundo o estudo observam-se mais em países como Estados Unidos, onde já se espera uma desaceleração devido à cautela dos consumidores por uma possível recessão. A Europa, por outro lado, começou o ano com força, especialmente graças aos consumidores que realizam um "maior consumo". O problema pode vir no verão, segundo a consultora, já que é possível que os europeus pausem à aquisição deste tipo de bens.
Do lado do turismo internacional, os primeiros visitantes chineses começam a chegar à Europa -algo que ver-se-á de forma mais evidente no final de ano-, mas é previsível que se reduza o amplo volume de viajantes provenientes de Estados Unidos e Oriente Médio.
Um consumo "menor, mas melhor"
O relatório da consultora reflete também que o consumo será "menor, mas melhor", isto é, que se vai ver uma tendência de elevar a qualidade de todas as categorias de luxo impulsionado por peças icónicas e de grande luxo, como os relógios, com modelos especiais e grandes marcas que impulsionam o crescimento, e a joalharia.
As malas icónicas são igualmente um motor de consumo, segundo a consultora, já que cada vez mais percebem-se como bens valiosos. Quanto ao calçado, embora esteja a abrandar no Ocidente, está a registar um boom na Ásia, que vai para além dos ténis.
Desafios e mudanças no mercado
Quanto aos canais, as experiências e o consumo de viagens sem intermediários abrem-se passo no sector do luxo. Triunfa também o modelo monomarca graças ao apetite pelas experiências que oferecem algumas lojas e pelas mudanças nos fluxos do consumo. A venda direta continua a crescer fortemente, impulsionada pelo aumento da tecnologia e das vendas omnicanal 3.0.
Não obstante, Bain & Company assinala que as pressões regulamentares em matéria de sustentabilidade estão a apresentar um desafio para as marcas de luxo para conseguir abordar uma descarbonização da sua rede de valor durante os seguintes três anos, pelo que terão que ajustar as suas expectativas de crescimento.
O futuro impacto da IA
A inteligência artificial (IA) afectará da mesma maneira todas as fases da rede de valor, já que esta tecnologia tem o potencial de revolucionar todos os processos do negócio.
Bain & Company aponta a que os que sejam capazes de se adiantar aos acontecimentos e atingir uma vantagem competitiva com as novas tecnologias, bem como os que o fizeram com os canais de venda digitais, "serão os líderes do manhã".
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