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É muito provável que não tenhas bebido uma vodka russa na tua vida: faz sentido um boicote?
Do sector da restauração e do lazer nocturno explicam que o consumo desta bebida alcoólica procedente do país de Putin é "irrisória"
Os consumidores de vodka podem estar tranquilos em Espanha. Ao contrário do óleo de girassol, o trigo e o milho, entre outros produtos procedentes da Rússia e da Ucrânia que já começam a escassear, não há problemas de abastecimento da vodka russa, pois mal se importa. Na verdade, é muito provável que o consumidor espanhol não tenha bebido vodka do país de Putin na sua vida. Pelo que, faz sentido um boicote?
A presença da vodka russa "é muito inferior do que, a priori, se pode pensar", reconhecem da Federação Espanhola de Bebidas Espirituosas, que explicam que, em 2019, o último ano normal de que se têm dados, Espanha importou vodka da Rússia no valor de 744.000 euros, enquanto se pagaram 49 milhões de euros por garrafas desta bebida alcoólica procedentes de outros países, segundo Data Comex.
Um boicote simbólico
"Não terá nenhum problema para pedir esta bebida porque as marcas mais populares não são russas", aponta o presidente de España de Noche, Ramón Mas, que se mostra mais preocupado peli aumento do preço da gasolina e pelas greves das transportadoras que por um hipotético problema de abastecimento. "Só me consta o boicote da discoteca Luz de Gas de Barcelona", acrescenta o diretor.
Tal como em centenas de comércios dos Estados Unidos e Canadá, onde retiraram a vodka russa das suas prateleiras e barras --só representava 1% do consumo--, Fede Sardà, empresário e dono de Luz de Gas, deixou de servir vodka russa no seu espaço. "O meu boicote é uma desculpa para dizer 'Não à guerra', mostrar solidariedade com o povo ucraniano, e tentar animar outros a fazer o mesmo", expõe Sardà á Consumidor Global. No entanto, até agora ninguém se juntou à sua iniciativa.
Pedir uma vodka russa: uma missão quase impossível em Espanha
"A vodka que uso não sai", apontam do grupo que é proprietário do Opium e Bling Bling, entre outras discotecas e restaurantes repartidos entre Madrid, Barcelona, Marbelha e Ibiza. "Não utilizamos nenhum destilado russo na elaboração dos nossos cocktails", expõe Lito Baldovinos, um dos donos de Paradiso (Barcelona), considerada como o terceiro melhor cocktail bar do mundo, segundo o The World's Best 50 Bars.
Da vodka russa "gastamos uma garrafa por mês. As pessoas não a pedem. Só algum russo que vem de vez em quando", explica o dono do Sutton, Antonio Cano. No bar musical Jazzman ttêm apenas um produzido no maior país do mundo (Moskovskaya) e "é o que menos nos pedem", afirmam. Então, que países são os principais produtores desta bebida que é símbolo nacional na Rússia? De onde provêm as garrafas mais populares?
As marcas mais populares
Os que mais "servimos é Belvedere, Absolut e Grey Goose", apontam da discoteca Otto Zutz de Barcelona sobre estas vodkas de origem polaca, sueca e francesa, respetivamente. Uma opinião que partilham todos os atores do setor consultados por este meio.
Smirnoff, outro dos mais populares no mundo, é de origem moscovita, mas o grupo ao qual hoje pertence, o britânico Diageo, não demorou em desvincular-se do regime de Putin, e vangloriou-se nas redes sociais de elaborar o seu destilado na América. Ainda que menos conhecido, o Stolichnaya vender-se-á a partir de agora simplesmente como Stoli, declarou num comunicado a companhia do multimillonario russo Yuri Shefler, que no ano 2002 se exilou do seu país natal, e agora só usa ingredientes eslovacos e destila na Letónia. Também é importante sublinhar que se as vodkas russas não são populares no estrangeiro é porque a maior parte da produção é consumida dentro do próprio país.
Nem no supermercado
Se um se aproxima a um supermercado Mercadona, por exemplo, não encontrará nenhuma vodka de origem russa. O mais vendido é o mais económico (Knebep), que se faz na Galiza e custa 6 euros, metade que uma garrafa de Absolut (12,70 euros). A rede de supermercados de Juan Roig também vende o polaco Vladonof (8,75 euros). Enquanto, Eristoff, outro dos típicos, se vende na Eroski (7,99 euros) e El Corte Inglês (8,99) e é da Georgia.
Por outro lado, no gigante norte-americano Amazon é dos poucos comércios nos que se podem encontrar a grande maioria das vodkas da Rússia: Russian Standard Platinum (19,5 euros), Beluga (31 euros) e Mamont (42 euros).
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