Loading...

Não tão saudável como parece: esta bebida de amêndoas tem tanto açúcar como os Mikado

Um copo de 300 mililitros de Soymilk contém 24 gramas de açúcar

Núria Messeguer

Um copo com uma bebida de amêndoa, uma das bebidas vegetais do supermercado / PEXELS

O açúcar esconde-se nos alimentos menos óbvios. Muitas vezes, o consumidor confia num produto porque acha que é "saudável" mas na verdade contém a mesma quantidade de doce que um pacote de Mikados. Dito rápido, mas é assim.

É o caso da bebida de amêndoa da marca Soymilk, que se vende nos supermercados por 1,40 euros. Cada copo de 300 mililitros tem 24 gramas de açúcar, o que equivale a seis torrões de adoçante, tal como denunciam da Sinazucar.org. Na verdade, é tão grande a quantidade de açúcar desta bebida que equivale a 75 gramas de Mikado, os palitos cobertos de chocolate da marca Lu. Este dado chocou muitos consumidores que associam o setor dos bebidas vegetais com a alimentação saudável. No entanto, como explica Álvaro Benito, nutricionista e autor da conta do Twitter inFoodmation, "não se deve atribuir a nenhum produto ou gama a etiqueta de saudável".

Composição nutricional

"O açúcar é o segundo ingrediente desta bebida; partindo disso, pouco mais podemos opinar", afirma a especialista Susana Costa, da Nutriciona Group e autora de Bocaditos de Saúde, um perfil de Instagram dedicado à alimentação. O primeiro é água, e o terceiro, as amêndoas, com 4%.

Da mesma forma, este leite contém 99 quilocalorías, 5 gramas de gorduras --das quais 1,3 são saturadas--, 0,5 de fibra e 1,8 gramas de proteína. E ainda que, com respeito à composição, a bebida tenha uns parâmetros corretos, a quantidade de açúcar é exorbitante. "Nada recomendável", alerta Costa.

A bebida da Soymilk contém seis porções de adoçante / SINAZUCAR.ORG

Como eleger uma boa bebida?

"Temos que aprender e nos acostumar a ler os rótulos", insiste esta nutricionista. É neste costume que está o segredo. "Há muitas marcas que têm vários tipos de bebidas vegetais e nem todas são igualmente boas apesar de partilharem o mesmo fabricante", sublinha. Por exemplo, a Soymilk tem uma outra linha sem açúcar que Costa recomenda. "Ler os rótulos é a única forma de ter a certeza sobre o que leva um determinado alimento", acrescenta Benito. Para ele, o caso da Soymilk assemelha-se muito à situação dos iogurtes naturais, que na maioria possuem uma grande quantidade de açúcar.

"Há apenas três anos, o consumidor não podia escolher porque não tinha tanta variedade de bebidas vegetais, mas agora é fácil eleger uma boa opção", afirma Costa. Por outro lado, Benito explica à Consumidor Global que o melhor é comprar "a que tenha mais matéria prima, isto é, a que tenha mais percentagem de soja, amêndoa ou arroz". Segundo este especialista, normalmente as bebidas de arroz ou soja têm uma concentração maior de açúcar: "No geral ultrapassam o 10%".

Foto onde se mostra que 75 gramas de Mikado contêm seis porções de adoçante / SINAZUCAR.ORG

O boom das bebidas vegetais

Os produtos vegetais chegaram para ficar, e as bebidas de legumes e cereais são um exemplo disso. O aumento da procura dos consumidores deu lugar a um boom na sua produção. Na verdade, 57,7% dos espanhóis já consome estes produtos de base vegetal em substituição do leite, enquanto 54,1% afirma que aumentará o seu consumo destes elaborados nos próximos meses. Isso reflete-se num estudo realizado pela Aecoc Shopperview.

Multinacionais consagradas no setor alimentar, como a Nestlé ou a Danone, já se juntaram a este movimento com marcas como Alpro ou Salvia. Um processo que repercute positivamente no meio ambiente pois, segundo os especialistas, a produção de um litro de leite de aveia gera 80% menos de emissões de gases de estufa, 79% menos de uso de solo e implica uma redução de 60% do consumo de energia.