O açúcar esconde-se nos alimentos menos óbvios. Muitas vezes, o consumidor confia num produto porque acha que é "saudável" mas na verdade contém a mesma quantidade de doce que um pacote de Mikados. Dito rápido, mas é assim.
É o caso da bebida de amêndoa da marca Soymilk, que se vende nos supermercados por 1,40 euros. Cada copo de 300 mililitros tem 24 gramas de açúcar, o que equivale a seis torrões de adoçante, tal como denunciam da Sinazucar.org. Na verdade, é tão grande a quantidade de açúcar desta bebida que equivale a 75 gramas de Mikado, os palitos cobertos de chocolate da marca Lu. Este dado chocou muitos consumidores que associam o setor dos bebidas vegetais com a alimentação saudável. No entanto, como explica Álvaro Benito, nutricionista e autor da conta do Twitter inFoodmation, "não se deve atribuir a nenhum produto ou gama a etiqueta de saudável".
Composição nutricional
"O açúcar é o segundo ingrediente desta bebida; partindo disso, pouco mais podemos opinar", afirma a especialista Susana Costa, da Nutriciona Group e autora de Bocaditos de Saúde, um perfil de Instagram dedicado à alimentação. O primeiro é água, e o terceiro, as amêndoas, com 4%.
Da mesma forma, este leite contém 99 quilocalorías, 5 gramas de gorduras --das quais 1,3 são saturadas--, 0,5 de fibra e 1,8 gramas de proteína. E ainda que, com respeito à composição, a bebida tenha uns parâmetros corretos, a quantidade de açúcar é exorbitante. "Nada recomendável", alerta Costa.
Como eleger uma boa bebida?
"Temos que aprender e nos acostumar a ler os rótulos", insiste esta nutricionista. É neste costume que está o segredo. "Há muitas marcas que têm vários tipos de bebidas vegetais e nem todas são igualmente boas apesar de partilharem o mesmo fabricante", sublinha. Por exemplo, a Soymilk tem uma outra linha sem açúcar que Costa recomenda. "Ler os rótulos é a única forma de ter a certeza sobre o que leva um determinado alimento", acrescenta Benito. Para ele, o caso da Soymilk assemelha-se muito à situação dos iogurtes naturais, que na maioria possuem uma grande quantidade de açúcar.
"Há apenas três anos, o consumidor não podia escolher porque não tinha tanta variedade de bebidas vegetais, mas agora é fácil eleger uma boa opção", afirma Costa. Por outro lado, Benito explica à Consumidor Global que o melhor é comprar "a que tenha mais matéria prima, isto é, a que tenha mais percentagem de soja, amêndoa ou arroz". Segundo este especialista, normalmente as bebidas de arroz ou soja têm uma concentração maior de açúcar: "No geral ultrapassam o 10%".
O boom das bebidas vegetais
Os produtos vegetais chegaram para ficar, e as bebidas de legumes e cereais são um exemplo disso. O aumento da procura dos consumidores deu lugar a um boom na sua produção. Na verdade, 57,7% dos espanhóis já consome estes produtos de base vegetal em substituição do leite, enquanto 54,1% afirma que aumentará o seu consumo destes elaborados nos próximos meses. Isso reflete-se num estudo realizado pela Aecoc Shopperview.
Multinacionais consagradas no setor alimentar, como a Nestlé ou a Danone, já se juntaram a este movimento com marcas como Alpro ou Salvia. Um processo que repercute positivamente no meio ambiente pois, segundo os especialistas, a produção de um litro de leite de aveia gera 80% menos de emissões de gases de estufa, 79% menos de uso de solo e implica uma redução de 60% do consumo de energia.