Os supermercados se adueñan do negócio da comida preparada graças à pandemia

O teletrabalho tem esvaziado vários escritórios, o que se traduz numa perda de clientes e vendas para estabelecimentos de correntes como Tento e Nostrum

Albert Lluis

Jornalista

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O negócio da comida preparada aproveita-se da pereza das pessoas às que não gostam de cozinhar, ou simplesmente não têm tempo para o fazer, mas também do sector da restauração, castigado em tempos de pandemia com uns horários e aforos limitados aos que se soma o auge do teletrabalho.

Trata-se, ademais, de um sector no que têm entrado uns fortes competidores, os supermercados, que não só têm visto o tirón que pode ter a comida para levar, sina que, para mais inri, têm saído beneficiados com a crise sanitária. De facto, e ainda que a pandemia e o estado de alarme decretado a princípios de 2020 fez que o consumo de comida preparada diminuísse durante um tempo determinado, no conjunto do ano aumentou o 8,5 % com respeito ao 2019, segundo dados da consultora Nielsen aos que tem tido acesso a equipa de Consumidor Global.

Os supermercados comem-lhe a tostada a tento-os e Nostrum

As grandes correntes de supermercados subiram-se a este comboio sem duvidá-lo. Assim, Mercadona e Lidl têm criado suas respectivas secções Pronto para comer; Dia conta com seu departamento No ponto; Carrefour com A Cozinha; e Alcampo oferece o serviço Alcampo Fresh. Inclusive O Corte Inglês tem já um área de platos preparados.

De facto, a situação actual da pandemia não tem passado muita factura a estes serviços nos supermercados, segundo têm sublinhado fontes dos estabelecimentos visitados por este médio. No entanto, as lojas especializadas em comida para levar sim têm notado "uma falta de gente ou consumidores, já que muitos não vão a diário a seus lugares habituais de trabalho pelo coronavirus", confessa Ángel Bosch, director geral de Tento . Estes estabelecimentos estão concentrados nas zonas mais empresariais, financeiras e de escritórios dos centros das cidades. Por isso, desde Nostrum achacan o adelgazamiento de seu negócio ao Covid, mais que aos próprios supermercados. Mas, seja como for, a realidade é que enquanto uns vêem menos clientes entrar a seus estabelecimentos, as correntes de alimentação experimentam uma boa época em termos de facturação e de afluencia de consumidores que, ao final, também compram e adquirem este tipo de platos preparados.

Un plato de la sección 'Al Punto' de la cadena Día / EP
Um plato da secção 'No ponto' da corrente Dia / EP

Guerra de preços

Depois de percorrer vários estabelecimentos e lojas, a equipa de Consumidor Global tem podido comprovar que os preços dos serviços de comida preparada variam, e bastante, segundo o estabelecimento. Por exemplo, um plato de massa nos supermercados pode oscilar entre os 2 euros de um Dia, até os quase 3 euros que pode custar num Lidl ou chegar inclusive até os 5 euros num Mercadona, segundo o tipo de plato e sua elaboração. Enquanto, um de paella --que conquista o paladar de muitos consumidores pelo que contam as correntes-- se pode adquirir por 3 ou 3,50 euros em media neste tipo de secções. E a ración de croquetas, composta por seis unidades, no Lidl custa 2,79 euros, ainda que em Mercadona vendem-se por unidade, a 50 céntimos a cada uma.

Quanto a correntes como Tento, por exemplo, a oferta de platos é variada e todos têm o mesmo preço: 3,25 euros. Ademais, oferecem-se menus a 7,75 euros ou 5,75 euros --com um plato, uma bebida, pan e um postre a eleger--. Nostrum, por outra parte, conta com raciones de massa, saladas ou asados, cujos preços vão desde os 3 aos 8 ou 9 euros, se se elege a lasaña ou os canelones, que são alguns dos platos mais elaborados que oferece a marca. "Alguns destes estabelecimentos oferecem menos raciones de comida, ainda que a qualidade é melhor que a dos supermercados", assinala Eva Velasco, dietista e nutricionista do centro MenjaSa.

Por que triunfam os platos preparados?

"Comer em menos tempo" é um dos principais motivos pelo que este tipo de serviço está em auge na actualidade, sublinha Mercè Gonzalo, porta-voz do Col·legi de Dietistes-Nutricionistes de Cataluña. Cozinhar qualquer tipo de comida exige passar uns minutos, ou inclusive horas, ante os fogones e a sociedade prefere dedicar seu tempo livre a outras tarefas ou responsabilidades. "A gente vê que não conta com tempo para cozinhar por culpa do trabalho", acrescenta Gonzalo.

No entanto, o sucesso destes platos baseia-se, também, em dois outras razões. "A gente voltou-se um tanto preguiçosa, sobretudo à hora de pôr-se a cozinhar, e prefere soltar uns poucos euros em lugar de preparar-se um táper para o dia seguinte", enfatiza esta porta-voz.

Como afecta à saúde e ao meio ambiente

Ante a proliferación de espaços com comida preparada, é possível que o consumidor se questione se a qualidade deste tipo de platos é boa ou não. No entanto e no caso dos foodservice, "depende muito do que se escolha e também do estabelecimento", recorda Eva Velasco de MenjaSa. Segundo esta experiente em nutrição, é essencial contar com uma educação nutricional básica para que a gente saiba se o que ingere é são ou não.

E outra matéria pendente que assinala Velasco é o impacto destes serviços no medioambiente. As empresas usam embalagens de plástico para oferecer este tipo de comida aos utentes e, ademais, algumas lojas preparam quilos de comida que ao final, se não se vende, acaba no cubo do lixo e desperdiciada.

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