A Foodspring define-se como "Finest fitness food", mas está longe de ser a melhor comida para desportistas. A Herbalife também presume ser uma empresa especialista em produtos desportivos e de controle de peso. No entanto, os especialistas são muito críticos destes produtos. "A Herbalife e a Foodspring vendem pós sintéticos que são completamente desnecessários", expõe a este meio o Antonio Escribano Zafra, responsável médico da área de nutrição da Federação Espanhola de Futebol durante 12 anos e autor do livro Batidos para a vida (Espasa, 2018).
Na mesma linha, a farmacêutica e professora do mestrado de alimentação desportiva da Universitat Oberta de Cataluña (UOC), Mar Blanco Rogel, aponta que "a Herbalife e a Foodspring guiam-se mais pelo marketing do que pela evidência científica no desporto na hora de formular os seus produtos".
Batidos ultraprocessados
Um olhar aos ingredientes do batido Workout Aminos da Foodspring, que custa 35 euros a embalagem de 400 gramas, verifica-se que tem aroma, adoçante, extracto de raiz de ginseng, emulsionante (leticina de girassol), extracto de folha de ginkgo, agente antiaglomerante (dióxido de silício), corante e assim por diante. "Muitos ingredientes, como o extracto de ginkgo, soam muito bem, mas não melhoram o teu rendimento", aponta Blanco.
O problema dos batidos da Foodspring e da Herbalife "é que têm aditivos, conservantes, colorantes... Definitivamente, químicos que deves evitar", expõe o médico da Vithas Internacional especializado em medicina desportiva, Juan Antonio Corbalán. "Eu sempre desaconselho aos meus pacientes estes batidos ultraprocessados. Quanto menos manuseamento o produto tiver, melhor", acrescenta o especialista.
Herbalife e Foodspring: quanto menos, melhor
"Quando o batido é um pó liofilizado que se verte na água, não faz sentido e não contribui grande coisa", resume Escribano sobre os produtos da Herbalife e da Foodspring. Que é melhor tomar vitamina C sintética ou a existente numa laranja que comes com todos os flavonóides? "A comida real gera umas sinergias que não se podem reproduzir, e estas marcas de batidos não conseguem os mesmos benefícios. Sempre há que tentar que a base seja a alimentação real", recalça Blanco.
Só em pessoas com uma sensibilidade digestiva especial e que precisem batidos porque o médico lhos recomendou, o consumo destes pós de forma pontual pode ter cabimento. "São desnecessários, mas também não há que demonizar: de forma esporádica podes tomar um", enfatiza a especialista.
O batidos 'milagre' não existem
Alguns dos batidos da Foodspring anunciam-se como complementos alimentares sustitutos de comida para a perda de peso. No entanto, a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (Aesan) proíbe-o. "Jogam com a perda de peso para desinformar as pessoas. Além disso, é proibido promover este tipo de alimentos", alerta Escribano.
Questionados por estes supostos batidos 'milagre', os peritos são inflexíveis em afirmar que "não existem!" e que trata-se de comercializações sem nenhum tipo de base científica. "No desporto, como na vida, não existem os milagres, mas sim a soma do que fazes", explica Blanco.
O melhor batido para desportistas
Na hora de definir como é o melhor batido para a prática desportiva, os especialistas também não duvidam: "natural". O que antes do exercício intenso deve conter alimentos contendo hidratos de carboidratos. "Um com frutos vermelhos, banana e acrescentar um pouco de aveia seria interesantísimo", explica Escribano. O ideal, porém, seria o consumi-lo entre uma e duas horas antes da prática desportiva.
Para recuperar, em função de se a pessoa esteve a correr ou fez musculação, "dará prioridade a um batido com três partes de carboidrato e uma de proteína, ou ao inverso se tiver partido muitas fibras musculares", detalha Blanco. Ao mesmo tempo, na hora de seguir qualquer tipo de dieta, os especialistas lembtam que é imprescindível deixar procurar o conselho de um dietista ou nutricionista para evitar riscos para a saúde.