Dezembro, para muitos, é sinónimo de despesas. E as festas de Natal podem representar um grande buraco na economia familiar. "Uma caixa de gambas pode custar 55 euros o quilo em outubro e um par de meses depois roçar os 150 ou 170 euros", explica à Consumidor Global Concha Tolós que dirige uma loja de congelados numa localidade de Tarragona há mais de 35 anos.
Por isso, a maioria das famílias compram o marisco com muita antecedência e o congelamento é um dos métodos mais escolhidos. É cómodo e limpo, ainda que há algumas nuances que se devem ter em conta.
Perde propriedades?
O congelamento sempre suscitou algumas dúvidas. Há que repudie este sistema porque pensam que colocar o marisco no frigorífico pode eliminar boa parte das propriedades dos alimentos. Mas, não há que se preocupar. Como assegura Susana Costa, nutricionista no Nutriciona Group na Corunha, "no caso do marisco, é totalmente seguro, não se perde nenhuma propriedade, mas há que saber comprar e congelar".
De facto, tanto Tolós como Costa, concordam em que para obter um bom congelado se precisa, ou um produto fresco, ou um congelado de qualidade. "Há que comprar o alimento e mete-lo no congelador diretamente. É melhor que não passe dias no frigorifico", recomenda Costa. "Nem todos os alimentos abaixo de zero têm a mesma qualidade, há muita diferença entre um congelado em alto mar e um no porto", enfatiza Tolós. Por isso, esta especialista insiste em "icar longe de qualquer marisco que pareça seco, porque quando tem uma cor mais apagada ou uma textura desidratada, é velho".
Como se deve congelar?
"Se o produto é bom, pode-se congelar" afirma Costa. Na verdade, os produtos que mais se congelam nestas datas são os peixes e os mariscos, entre eles destacam o tamboril, o pregado, o choco, o caranguejo, o crustáceo e o polvo. Para congelá-los, Costa recomenda que "sempre que se possa, fazê-lo com sacos específicos para o congelador, porque sem a embalagem correta há risco de congelamento".
É que a água é o inimigo do congelamento. "É bom que tenha gelo, mas não em excesso", diz Tolós. O líquido faz com que o produto perca as suas propriedades organolépticas, e também a presença deste pode aumentar o aparecimento de bactérias. Por exemplo, esta especialista recomenda congelar as gambas, camarões e langostins "numa bandeja, de forma plana e separada e depois cobrir com um papel filme".
Descongelar, o processo mais importante
Se os alimentos mantêm-se a temperaturas constantes --menos 18 graus ou inferiores--, inativam-se os microorganismos que os alteram e que podem provocar doenças. Assim, o congelamento não os destrói, mas detém o seu crescimento. Mas, ao descongelar-se a comida e aumentar a sua temperatura, os microorganismos reactivam-se e multiplicam-se, podendo provocar uma intoxicação alimentar.
A Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (Aesan) lembra que é preciso ser cuidadoso neste processo e recomenda que quando se queira descongelar o produto se faça no frigorífico e não no balcão. E sempre vinte e quatro horas antes de o cozinhar.
Fugir da recongelação
"Deve-se evitar a recongelação a todo o custo", admitem da Fresco y del Mar, uma peixaria da Corunha. Porque esta prática pode implicar riscos para a saúde. "Uma vez que se descongela o peixe ou marisco, as bactérias, mofos e fermentos voltam a estar ativos e aumenta sua população", sustentam da empresa.
Por isso, se se volta a colocar no congelador, "estaríamos a congelar um marisco já contaminado". Face à dúvida, da Fresco y del Mar recomendam que "uma vez descongelado, o produto se deva tratar como se fosse fresco".