Juan Roig: "Temos melhorado 500 produtos Hacendado porque quando o fazemos as vendas se disparam"

O presidente de Mercadona destaca que, agora, a lasaña é de maior qualidade e conta com um preço imbatible, mas reconhece que há trabalho por fazer nos frescos e os platos preparados, entre outros artigos

Juan roig presidente mercadona
Juan roig presidente mercadona

Juan Roig, o presidente e dono de Mercadona , tem feito balanço do último ano. A corrente tem facturar mais, mas tem ganhado menos. Os motivos? Em 2021 as matérias primas subiram um 28 % e o preço do transporte custou-lhe à companhia "65 milhões mais pela subida da gasolina".

No entanto, Roig tem repetido várias vezes isso de que "não vamos subir preços artificialmente" e "ainda nos falta mais qualidade em produtos Hacendado e nos frescos". Por outro lado, a corrente já tem conseguido melhorar 500 produtos de seu catálogo num ano e um exemplo disso é a lasaña. "Agora tem muita mais qualidade que a que tinha com um preço imbatible", tem enfatizado.

Mercadona tem mercadoria suficiente pese ao acaparamiento

El interior de un Mercadona / EP
O interior de um Mercadona / EP

Roig tem confessado que na companhia não têm departamento de qualidade porque "a qualidade somos todos" e tem lançado uma mensagem clara aos consumidores: "A corrente agroalimentar espanhola e portuguesa é potente. Falta de produtos não vai ter. Não há um problema de desabastecimiento . Pode ter casos pontuas, mas temos mercadoria mais que suficiente. É acaparamiento", tem assinalado sobre as consequências da guerra de Ucrânia.

Ainda que a companhia estava já preparada para outro ano de pandemia e Covid, a verdade é que um conflito bélico destas dimensões não se esperava. E, quando ocorrem situações assim, "as empresas começamos a tomar decisões, todas necessárias, mas muitas molestas e impopulares", tem reconhecido Roig. Assim, em 2021 Mercadona decidiu subir os preços um 2%, ainda que reduziu sua margem, e neste ano, com a inflação ao alça, a subida se situa no 5%.

Supermercados que mudam de lugar

Outra medida que tem gerado críticas por parte dos consumidores, segundo Roig, tem sido o fechamento ou mudança de localização de lojas. A corrente tinha previsto que em 2023 todos seus supermercados estivessem reformados. "Depois demos-nos conta de que a mudança era brusca. Mudamos um terço de nossas lojas de lugar e sentimo-lo muito", tem explicado. Agora, este plano espera se cumprir em 2026.

Na actualidade, Mercadona conta com uma rede de 1.662 supermercados, 29 dos quais estão em Portugal . Inauguraram-se no último ano 79 estabelecimentos --9 portugueses-- e têm fechado 58. Para 2022, a companhia espera abrir 68 espaços, dos quais 10 estarão no país luso, e reformar outros 40.

O 85% de compra-las realizam-se entre Espanha e Portugal

Un trabajador repone mandarinas en un Mercadona / EP
Um trabalhador repõe mandarinas num Mercadona / EP

Roig não só tem sacado peito de pagar milhões em impostos --ainda que o IVA assegura é "inflacionista"--, sina também de comprar e vender produtos made in Spain e Portugal.

"O mais rentável é comprar produtos dentro do país e quando os trazemos de fora --como as laranjas de Argentina-- é que não se produz em Espanha, não tem a qualidade necessária ou não é sua temporada aqui", tem remarcado.

O modelo de Roig para reduzir os custos

Se há que ganhar, porque os benefícios são como o comer, "indispensáveis", e prescindir de tocar os salários dos trabalhadores ou os preços, é necessário "dominar os custos da cada processo", tem recordado Roig.

Assim, num zumo de laranja que tem mostrado o empresário ante dezenas de jornalistas, dantes a corrente perdia milhões de euros e agora os vontade. "Reconvertemo-lo, mudando como o fazíamos e transportávamos". Desta maneira, segundo Roig, elimina-se "o que não acrescenta valor". Com tudo, o empresário espera aumentar em 2022 as vendas um 3% e realizar um investimento de 1.100 milhões de euros.

Pronto para Comer e Portugal, duas matérias pendentes

Quanto a dois negócios que ainda têm margem de melhora, como alguns artigos da corrente, Roig tem assinalado a divisão de platos preparados para levar (Pronto para Comer) e Portugal, onde não se ganha dinheiro.

No primeiro caso, ainda que não tem especificado cifras, sim tem assegurado que não é rentável ainda porque "alguns processos não os fazemos bem e se estão a reconverter". Para isso, a companhia procura provedores bons tanto no mercado espanhol como no português, ainda que no país vizinho com este tipo de serviços vão por diante.

Limitar a venda de azeite de girasol

Perguntado pela medida de racionar a venda de azeite de girasol, Roig também tem sido directo: "É uma situação excepcional. Está muito mau a restrição, mas pior tivesse sido não o ter facto.

E, nesse sentido, tem voltado a recordar que "temos tido que o fazer" pelos acaparamientos e "o especulador que vem a comprar".

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