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Heura e The Vegetarian Butcher rebatem o relatório que certifica o baixo do sector 'veggie'

Estas marcas falam de "flutuação", sublinham a importância dos alternativas vegetais e indicam que o mercado se reorganizou

Juan Manuel Del Olmo

hamburguesa

O 27 de setembro apresentou-se em Madri um relatório da consultora Lantern que mostrava como as dietas veganas (tanto as de flexitarianos, que são as pessoas que comem carne de forma muito ocasional, como as de veganos e vegetarianos) tinham experimentado um baixo significativo em Espanha: 600.000 pessoas tinham deixado atrás os alimentos plant-based no último ano. Disse-se que não era um drama, sina um bache. Não obstante, este meio tem consultado a Heura e The Vegetarian Butcher, dois das marcas mais relevantes do sector no mercado espanhol, e sua opinião difere.

Desde Heura indicam que no último ano têm incrementado sua penetração um 30 % e que seu ratio de repetição (isto é, o número de vezes que uma pessoa volta a comprar produtos de sua marca num determinado tempo) é de 60 %, o mais alto da categoria plant-based. "O potencial dos produtos plant-based é imenso, falamos do acto de consumo mais evidente para enfrentar a emergência climática na que estamos submersos, e, ademais, estes produtos têm um claro impacto positivo na saúde das pessoas", explicam, com convencimiento.

Melhorar a nível organoléptico

Baixo o ponto de vista de Heura, após a grande explosão destes produtos no mercado, "é normal que a linha de consumo plant-based vá fluctuando. Agora é o momento de melhorar em níveis como a experiência organoléptica ou a criação de produtos sem aditivos", consideram.

Carne vegetal com sabor a frango / HEURA
 
 

O verdadeiro é que o relatório de Lanter dá algum pau a grandes marcas, que "estão reevaluando sua aposta pelas categorias plant-based e dando passos atrás ante os não tão optimistas resultados dos últimos meses". Por exemplo, Nestlé tem retirado dois produtos em Irlanda e Reino Unido, e os retailers americanos "começam a mostrar signos de saturação".

Uma marca que "tem calado"

Mas há quem mantêm-se firmes. "No mercado espanhol, Heura é uma marca que verdadeiramente tem calado na população veggie (...). Leva anos sendo valente em seu posicionamento sustentável e saudável e tem sabido ligar com seus clientes desde a transparência e o activismo", acrescentam. "Converteu-se na marca plant-based com a que mais vegetarianos e veganos se identificam", acrescenta Lantern sobre Heura, ainda que admite que "podem não gostar a todo mundo".

Por sua vez, em suas declarações a este meio, The Vegetarian Butcher não se mostra tão tajante com respeito aos números cosechados. Andrea Fontes, Country Business Lead, indica que a alimentação plant-based mais que uma tendência e se pronostica que vai seguir aumentando seu consumo em longo prazo. Pese a que estes movimentos podem se ver influídos por condições económicas nos que os consumidores se enfrentam a custos crescentes generais, não temos dúvidas de que sempre terá espaço para esta categoria de produtos, inclusive num mercado ainda em desenvolvimento ".

Atira-las de ternera de THE VEGETARIAN BUTCHER / UNILEVER

Barreira do preço

Desde a marca de Unilever, ademais, apontam que "os consumidores se voltaram a cada vez mais conscientes dos preços dos produtos e pouco a pouco estão a optar por produtos mais familiares, o que significa que, em categorias relativamente novas, como são as de origem vegetal, se vêem naturalmente afectadas".

"Desde nosso ponto de visto, o vegetal tem chegado para ficar e desde The Vegetarian Butcher queremos ajudar a que isto seja assim, acercando nossos produtos a mais pessoas para que possam fazer a mudança facilmente em longo prazo. Por isso, um dos sucessos de nossa marca é oferecer produtos alternativos sabrosos sem repercutir a uma mudança drástica nas dietas", explica a companhia. "Para seguir captando novos consumidores, é chave oferecer alternativas simples e convenientes a platos quotidianos para que a gente segua comprando", consideram.

Alimentos saudáveis / UNSPLASH

O final de um grande boom

Trata-se, então, do fechamento de um ciclo de ascensão, não de uma brecha ou um abismo. "Estamos a viver o final de um grande boom na categoria, que por uma parte implica que a tendência actual do consumo seja à baixa, mas também que estamos a detectar aqueles focos nos que existe margem de melhora para que as dietas plant-based se convertam na opção por defeito", dizem desde Heura.

Ademais, na companhia presidida por Marc Coloma deslizam que dito boom tinha algo de borbulha, com agentes que se subiram à carroça verde e se estrellaron: "Muitos partners in mission (outras marcas que fazem plant-based products) lançaram produtos que desafortunadamente não respondiam às necessidades do consumidor, e que têm acabado por desaparecer ", revelam. Assim, recalcan, nesta nova etapa o plant-based deve focalizarse em dois pontos: a experiência organoléptica e a saúde.

Produtos insanos

Que um alimento se apresente como plant-based não significa que seja sanísimo nem que esteja rico. Mas há quem tentam colarlo. E em Heura têm-nos calados: "Parte dos produtos considerados plant-based são processados insanos cheios de ingredientes muito pouco interessantes desde o ponto de vista da saúde e da densidade nutricional", expressam.

Uma pessoa cozinha com alimentos 'plant-based' / UNSPLASH

"Em Heura, localiza-se sempre ao utente no centro da experiência (que os produtos estejam deliciosos), e priorizamos os valores nutricionais (que sejam etiquetas o mais limpas possíveis e densos proteicamente) através de uma tecnologia única que nos permite fabricar estes produtos sem nenhum aditivo e com maior valor nutricional", sublinham.