Evite os 'intrusos' com estética grega: o que procurar para comprar queijo feta autêntico

Os profissionais lembram que algumas marcas utilizam afirmações como 'tipo feta' ou 'estilo grego' para desorientar o consumidor

queso feta ensalda
queso feta ensalda

Se há um produto grego que pode misturar com o seu yogurte no Olimpo dos alimentos helénicos, esse é o queijo feta. Branco como as moradias de Mykonos, salgado como o seu mar eterno, simples e estruturado como uma coluna dórica. Perfeito para as saladas estivales. Conta com uma Denominação de Origem Protegida que garante a origem grega, mas algumas marcas tentam confundir o consumidor com um marketing muito criativo.

Graças a estes chamarizes, o queijo às vezes parece grego, quando na verdade pode ser da Dinamarca ou Alemanha. Os peritos recomendam não se deixar seduzir pelos cantos de sirene das diferentes marcas e prestar atenção aos selos.

O queijo feta tem DOP desde 2005

Com a criação da denominação de origem protegida (DOP) em 2005, a palavra feta ficou vetada às empresas que não o produziam. Por isso, algumas levam seu marketing até o limite e apresentam o seu produto em embalagens com uma estética grega: cores azuis e brancas, linhas retas, imagens de costa ensolaradas. É o que ocorre, por exemplo, com o queijo Arístides, um nome que soa mais helénico que alemão, mas que, no entanto, é produzido no país germânico.

Aspecto del queso Aristides / EL CORTE INGLÉS
Aspeto do queijo Aristides / O CORTE INGLÊS
 
 

Arístides confia tudo num tipo de letra sem curvas e numa banda superior com a decorações gregas, isto é, as típicas ondas rectilíneas que poderiam aparecer num ânfora do século VI a.C. Na embalagem lê-se "Hirtenkäse/ White Cheese", mas não se faz referência ao estilo grego. Do Escritório Económico e Comercial da Embaixada de Grécia em Espanha são conscientes destas truques subtis e explicam à Consumidor Global que o queijo feta é "o emblema das indicações geográficas gregas e representa, aproximadamente, 10% das exportações gregas de alimentos, o que justifica a sua excepcional reputação internacional".

Um alimento com 2.000 anos de antiguidade

Além disso, deixam claro que o sabor característico do queijo feta "só é possível quando as ovelhas e as cabras pastam nos únicos campos gregos", graças às plantas (com 15% de espécies autóctones) que os animais comem com os métodos de produção tradicionais. Também realçam que poucos alimentos podem ter uma história de 2.000 anos, mas cada vez que se consome autêntico queijo feta consome-se um queijo "que foi tão comum na época de Homero e Alexandre o Grande como o é hoje nas saladas que preparamos em casa".

Un plato con queso feta / UNSPLASH
Um prato com queijo feta / UNSPLASH

Longe da brisa mítica do Egeo, no centro de Madrid localiza-se Poncelet, uma loja especializada em queijos. Entre as múltiplas variedades que se vendem neste santuário de queijo também há um feta. Mais especificamente, um feta grecque refinado em Tonneau produzido pela queijaria Kissas, fundada em 1969. Adrián Martín, o seu responsável comercial, explica a este meio que os truques das marcas para enganar o nome se vêem mais nas grandes superfícies. "Nós, ao ser uma loja especializada, estamos mais expostos a inspecções, e agradeço que seja assim. Somos obrigados com certos padrões também a nível moral", explica.

Uma média de 3 euros por 200 gramas

O responsável pela Poncelet admite que as empresas que querem vender feta como tal e não contam com o DOP, "os maquillam ou pintam". Esta variedade é um bom exemplo, mas também sucede com o queijo manchego. "O que fazem as empresas é indicar 'estilo manchego' ou 'queijo da Mancha'. Mas o de tetilla deve ser de tetilla e o de Idiazábal de Idiazábal", argumenta o perito. No entanto, acha que no seu estabelecimento o perfil do público é o dos "frikis do queijo", isto é, um nicho de mercado foodie e epicurista que é consciente do que consome. E se procura feta, quer feta com todas as letras.

"Mas depois há outro tipo de cliente ao que lhe dá igual que tenha ou não DOP, que quer sua fatia de queijo para o dia a dia, e se é por 2 euros melhor que por 3", expõe Martín. No caso do feta, as diferenças de preço são notáveis. O da Poncelet é uma delicatessen cuja porção de 250 gramas custa 7,49 euros. Nos supermercados, 200 gramas de feta não baixam dos 3,30 euros. É o caso das marcas Dodoni, Salakis ou Mevgal. Esta última luze na sua embalagem a certificação de Agrocerti, a Green Mark, o selo DOP e outra medalha à excelência no sabor que outorga o International Taste Institute.

Unas ovejas en Grecia / UNSPLASH
Umas ovelhas na Grécia / UNSPLASH

Mínimo 6% de gordura

Da mesma forma, na Mercadona existe um pote de empadinhas de queijo feta com DOP que custa 1,95 euros (150 gramas de peso escorrido). Em vez disso, os substitutos podem ser encontrados por menos. É o caso do da Milbona, a marca de Lidl , que mostra o produto numa salada junto a uma construção branca tipicamente helénica e um mar azul. Noutros casos, tenta-se que o nome soe a grego, como no caso do queijo Athos, que se vende no Alcampo por 1,95 euros. Apesar do nome, é fabricado na Alemanha.

Da Embaixada de Grécia em Espanha defendem que o queijo feta se faz unicamente com leite de ovelha e de cabra de raças autóctones, "o que lhe confere a sua característica cor branca e o seu sabor ligeiramente picante". Além disso, o leite que se utiliza para o preparar "deve ter um teor de matéria gordura de, pelo menos, 6%. O queijo pode-se preparar tanto a partir de leite pasteurizado como sem pasteurizar, mas nunca se acrescentam colorantes, conservantes, lacto-proteínas, sais de caseína nem leite condensado ou em pó", listam da entidade. Assim, se o rótulo é suspeitaoe inclui um destes ingredientes, já se pode descartar.

La opción de Mercadona / MERCADONA
A opção da Mercadona / MERCADONA

Ênfase na profissionalização

Rubén Valbuena é o director da Quesería Cultivo, um projecto que leva por lema "queijos com rosto" no qual eles mesmos são os produtores. "Queijos com personalidade por trás dos quais há pessoas", indica Valbuena à Consumidor Global. Na Cultivo, onde se cuida ao máximo a rastreabilidade e a transparência, também há feta, mas Valbuena acha que os maiores truques com respeito à origem dão-se no queijo manchego.

"Em Espanha chamamos manchego a qualquer coisa", expressa este perito. Na sua opinião, às vezes não é tanto uma armadilha evidente como um recurso de mercado que se deixa passar. O desejável seria, sob o ponto de vista de Valbuena, que o setor se profissionaliza-se mais para ganhar valor. "Quando se chama Rioja a um tinto qualquer, saltam os alarmes. O setor vitivinícola tem verdadeiro status que faz que as pessoas entendam, o valorize e o respeite", opina Valbuena, que deseja o mesmo para o queijo.

Queso feta / PEXELS
Queijo feta / PEXELS

Verificar o rótulo

Por sua vez, Adrián Martín considera que poder-se-iam endurecer os controles. "Acho que dever-se-ia sancionar mais do que se sanciona, porque está em jogo o trabalho dos queijeiroa, que se levantam às cinco da manhã para produzir o seu produto e passam muitíssimas inspecções. Se para eles as exigências são tão notáveis, também deveria ser para as empresas", considera. No entanto, admite que jogar com os nomes não é ilegal. "Afinal de contas, se pões que um queijo é 'da Mancha' talvez seja verdade, não te saltas a lei", expõe.

Com o feta não acontece o mesmo. Só é feta se é grego, a denominação é o escudo de Perseo e a pele do leão de Nemea. Da Embaixada lembram que"os consumidores devem ter especial cuidado com produtos de feta falsificados, verificar o rótulo e sempre escolher o produto original que permitir-lhes-á desfrutar e saborear todos os valores alimentares superiores do queijo de feta".

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