O que esconde a retirada do Fuet Cabanes em vários países

Alfonso Carrascosa, experiente em segurança alimentar, aponta diversas causas que, em qualquer caso, castigam a Embutidos Solà como fabricante do produto

Albert Lluis

Jornalista

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Os consumidores quando compram produtos cárnicos acostumam a se fixar, sobretudo, na data de caducidad, nos ingredientes que contêm e em seu valor nutricional. Mas o cliente deposita quase uma confiança plena em que a produção destes alimentos se realizou de maneira correcta e baixo as medidas de higiene e segurança necessárias.

No entanto, em determinados casos pode produzir-se alguma infecção, provocada por uma bactéria ou microbio, que ignora o consumidor até que a Agência de Segurança Alimentar e de Nutrição (Aesan) lança uma alerta e anuncia sua retirada do mercado. Mas que passa depois? Que ocorre com esse lote que tem desaparecido dos estantes dos supermercados? Em setembro de 2020, procedeu-se à retirada de vários lotes do Fuet Cabanes de Embutidos Solà por conter Salmonella, mas meses depois ainda se desconhece que conclusões arrojam as investigações sanitárias correspondentes e a origem do problema.

Dentro e fora de Espanha

"A salmonelosis é uma doença que provoca sintomas como vómitos, diarrea e febre", explica a Consumidor Global José Juan Rodríguez, catedrático do Área de Nutrição e de Bromatología da Universidade Autónoma de Barcelona. Por sorte, com o fuet catalão retirado, não se detectaram casos de salmonelosis em Espanha , ainda que em outros países de Europa se contabilizaram 18 casos.

A Salmonella é uma bactéria habitual nos intestinos dos animais que, ademais, cresce com facilidade dentro do organismo dos seres vivos. Mas, neste caso mais especificamente, o que chama a atenção é como este produto fabricado e comercializado por Embutidos Solà, acabou infectado e quem são os responsáveis.

Investigação aberta

Após que as autoridades sanitárias retirassem este fuet do mercado, se abriu uma investigação para conhecer as causas e os motivos que causaram dita infecção. Por enquanto e, segundo fontes internas da Aesan, "Cataluña segue com a investigação a dia de hoje e é complicado fechar o expediente, já que há que recopilar informação de todas as comunidades autónomas afectadas". Neste sentido, o experiente em segurança alimentar do CSIC, Alfonso V. Carrascosa, assegura que a entrada da bactéria à fábrica poderia se ter produzido por vários factores. "Poderia ter sido através da carne do provedor, por culpa de algum ingrediente que se utilizasse na fabricação, pelo água que se usa no procedimento e inclusive por algum dos funcionários da fábrica", enfatiza.

No entanto, até que a investigação não conclua, o consumidor amante (ou não) deste fuet desconhecerá os entresijos do ocorrido. "É mais provável que a carne, dantes de fabricar o fuet, já viesse contaminada", enfatiza Carrascosa. Mas, ainda que fosse assim, em situações como esta, a responsabilidade total recae sobre Embutidos Solà, já que é a encarregada de vigiar de forma estrita a seus fornecedores. Por enquanto, a companhia já sofre as consequências do ocorrido, já que se viu obrigada parar em sua totalidade a produção deste produto e o tirar, de imediato, de todos os estabelecimentos onde se comercializava por precaução.

Que pode fazer o consumidor?

Quando se emite uma alerta alimentar como a deste fuet, a Aesan alerta aos consumidores da importância de evitar comprar e ingerir dito produto, bem como "devolver aos pontos de venda". Mas que ocorre com as pessoas que já o consumiram? Nesse caso, "há que ir a um centro médico se têm aparecido alguns dos sintomas que provoca a bactéria", acrescentam desde a agência.

O problema, em muitos casos, é que a Aesan informa destas acções através de seu site, ainda que a população espanhola não acostume a visitar esta página a diário. Este tipo de informação chega, pelo geral, à população através dos meios ou, desafortunadamente, quando se sofrem as consequências e a saúde se resiente.

O papel da empresa

Pese a que a principal vítima nestes casos é o consumidor, sobretudo se sua saúde se viu afectada pelo produto, a empresa também se vê envolvida numa situação desafortunada e inesperada. "Embutidos Solà leva 200 anos de produção de alimentos cárnicos e é a primeira vez que lhes retiram um produto do mercado por intoxicación", insiste Carrascosa.

Não obstante, depois do ocorrido, à assinatura não lhe fica outra que assumir as perdas de todas as unidades retiradas e as devoluções realizadas nos supermercados. Sobre isso, Consumidor Global tem tentado, em várias ocasiões, se pôr em contacto com a companhia catalã, mas a assinatura tem preferido dar a calada por resposta. Nestes casos, segundo Carrascosa, "nota-se uma baixada das vendas de todos os produtos fabricados e comercializados", como ocorreu, em seu momento, depois do brote de listeriosis na carne estopim A Mechá. "A gente após uma alerta assim perde confiança nestas marcas", adverte o experiente.

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