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A comida sã vai perdendo briga-a? Disparam-se as buscas de marcas de chocolate e caramelos
Um estudo revela que os consumidores têm agora mais interesse em comparar preços, e a categoria que mais sondagens gera no meio on-line é a mais doce
A alimentação livra hoje uma batalha sem quartel. De um lado, as hostes desprestigiadas, mas ainda bem pertrechadas, da bollería, as pizzas congeladas, o açúcar, o azeite de girasol e em general todo aquilo que é ou foi industrial, rápido e saciante. Nos flancos deste exército situa-se a caballería da carne vermelha de ganadería intensiva, as tropas mais letais, que antanho foram senhores e hoje se exilian de seus castelos. Do outro lado, uma legión de alimentação saudável conta com armas novas e algumas velhas que têm resurgido (os frescos do mercado ou os garbanzos a granel), arqueiros veganos como puntales, e uma milícia de produtos que ondean o estandarte do bem-estar animal e o quilómetro zero. O açúcar, os caramelos e o chocolate parecem repor-se dos primeiros golpes, refazem a linha e não baixam as espadas.
Google observa desde o alto, impasible, consciente de que premiará a quem mais lhe beneficie. Por enquanto, os líderes dos batalhões doces levam-se bem com ele. Assim se desprende de um estudo da agência de marketing digital Agência Raw, que reflete que as buscas on-line das marcas de alimentação de grande consumo têm crescido um 6 % no último ano. De todas as categorias, as que mais crescem são as assinaturas de açúcares, caramelos e chocolate, cujas procuras on-line têm crescido um 32,66 % em 2022.
Interesse em comparar preços
Este subidón do interesse nos doces explica-se pelo desejo (ou a necessidade) de comparar preços num contexto de inflação como o actual, mas há outras razões. Rebeca Toribio, CEO e fundadora de Agência Raw, explica a Consumidor Global que não é possível as saber todas, mas sim têm constatado que certas companhias particulares acordam um interés que se traduz em rastreamentos em Internet.
"Este facto, a sua vez, pode vir dado por dois motivos; um orgânico no que a marca seja inovadora e/ou goste muito, e outro que, pela boca-ouvido, suba o interesse na provar e por isso a procurem", argumenta. Também há quem combatem dopados: Toribio reconhece que as diferentes técnicas de marketing , publicidade e posicionamento SEO afectam ao tráfico de uma marca em redes. "Sobre o uso de estratégias de marketing digital sim temos dados neste relatório e os resultados que arroja são claros: as marcas que usaram blogs e redes sociais são as que mais têm incrementado suas buscas", expressa.
A alimentação saudável tem trabalho por diante
Significa isso que as empresas de alimentos saudáveis não estão a ser suficientemente hábeis? Toribio admite que têm "uma muito boa oportunidade de crescimento neste sentido", enquanto "ainda não têm acordado". A experiente reconhece que os consumidores têm incrementado as sondagens no sector saudável nos últimos anos, mas o fizeram "com termos genéricos como 'comida saudável' ou 'receitas saudáveis'. Se as assinaturas deste segmento seguem as mesmas estratégias que as marcas que vemos no estudo que estão a triunfar (uso de blog e redes sociais), não demorarão em ver resultados".
As assinaturas de alimentação de grande consumo mais procuradas on-line em Espanha são as já mencionadas (açúcares, caramelos e chocolates), enquanto a categoria de cafés , infusiones e cacau ocupa o segundo posto. Não obstante, este segmento é, segundo a análise de Raw, também o que mais cai (-17 %). "Durante a pandemia e nos meses posteriores passávamos muito tempo em casa e era ali onde desfrutávamos de muitos dos cafés que dantes tomávamos em cafeterias ", assinala Toribio. "Em nosso estudo também vemos que passa o mesmo com produtos que eram a mais fácil armazenamento, não perecíveis, como arroz, conservas e caldos. Muita parte da população decidiu alojar este tipo de produtos no momento mais complicado da pandemia, pelo que o interesse em comprar nos meses posteriores desceu", descreve.
O bolso e o estado anímico
Neus Costumar, professora de Economia e Empresa da Universitat Oberta de Cataluña (UOC), acha que a importância do blog não é em absoluto menor para as empresas. "Diria que uma das primeiras em apostar pelo blog foi Philadelphia, e lhe foi realmente bem, porque a gente descobriu novas receitas e novas possibilidades", realça. A seu julgamento, um blog permite "mudar a percepção" de alguns consumidores e estender a versatilidad do produto, já seja no sector da comida ou em outro. À hora de falar de novas receitas, o blog cobra mais relevância num momento de explosão foodie, no que a cada vez há mais cocinitas que querem saber mais em todos os sentidos.
Não obstante, Costumar considera que as assinaturas que mais atenção acordam no meio on-line são as doces porque não se trata de produtos de primeira necessidade. "A inflação não é algo de agora, levamos um ano vendo como os alimentos sobem de preço a cada dia. E os azucarados ou a repostería, a diferença do fresco, pode interpretar-se mais como um capricho ou um luxo, de modo que é conveniente comparar seu preço", indica. Ademais, a professora assinala outra derivada que poderia explicar o empurrão dos doces: "Há que ter em conta o estado no que estamos. A ansiedade, os momentos mais depresivos… Dispararam-se. E, ainda que o chocolate pode funcionar como estimulante, pode dar pequenos momentos de prazer e de relax enquanto vemos como vai o mundo", diz. Por último, afirma que a campanha de Natal a cada vez chega dantes, o que permite a bombones, turrones, tabletas e todos suas congéneres empurrar mais.
Mais Instagram que Facebook
Toribio argumenta que o terceiro e quarto grupo de alimentos que mais tem crescido em procuras em internet (azeite, especiarias e molho, e leites, yogures e mantequilla, respectivamente) "são os que maior uso fazem do blog corporativo de todos os grupos estudados". Não obstante, aqui há algumas que ultimamente têm sofrido mais: segundo o INE, os azeites (como o de girasol ), as farinhas e a mantequilla são alguns dos alimentos que mais se têm encarecido no último ano. "Os dados que arroja nosso estudo são claros: de todos os azeites analisados só um tem mantido suas buscas e o resto têm subido. Em farinhas , todas têm subido salvo dois. Podemos afirmar que a correlação entre estes alimentos que têm subido seus preços e as buscas que se fizeram sobre estes alimentos em Google é clara", afirma Toribio.
Por outro lado, o grupo açúcares, caramelos e chocolate é o que mais seguidores tem em Instagram , mas não em Facebook (onde domina o grupo leite, yogures e mantequilla). "Além de por um tema generacional, é um segmento de produtos que convive fenomenal numa rede social como Instagram, no que a repostería e o doce em general é uma categoria muito compartilhada. Outra variável importante é que ademais as marcas mais proactivas e que mais investimento fazem em redes sociais se transladaram à rede social onde se transladou o público. Estas marcas têm posto bem mais foco na criação de conteúdos em Instagram que em Facebook", asevera Toribio.
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