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Um fuet com baratas da Casa Tarradellas

Um supermercado Condis vende uma salsicha da conhecida marca espanhola com insectos, o que põe em risco a segurança dos seus clientes e gera a sua indignação.

Ana Carrasco González

A barata dentro de um fuet da Casa Tarradellas / FOTO CEDIDA

"A 26 de setembro fui a um supermercado Condis", começa R. P. "Na cesta de compras caiu um pack de dois fuets da Casa Tarradellas e mal cheguei a casa os meus filhos comeram com apetite um dos enchidos", detalha o afetado. O segundo fuet, no entanto, foi afastado da mesa com grande repugnância ao ver um inseto de uns três ou quatro centímetros no interior do selo transparente.

Uma vez arrojado no solo, tanto o cliente como os seus filhos aproximaram-se precavidos a observar aquele alimento contaminado. "Tinha como uma espécie de barata, mosca ou gafanhoto. Não sei o que era exactamente aquele bicho. Mas não era só isso, também tinha pequenos insetos mortos entre o plástico e o autocolante, provavelmente esmagados durante a embalagem", diz R. P..

Argumentos evasivos

Face aos factos, o cliente pôs-se em contacto coma  Casa Tarradellas através do seu website para alertar do surpreendente e repulsivo incidente. Respondera, do departamento de qualidade, com argumentos evasivos. "Isto é nojento e insalubre!", explodiu Pérez face a falta de responsabilidade da empresa de alimentação espanhola.

A barata e insetos pequenos num fuet da Casa Tarradellas / FOTOS CEDIDAS

"Fiz umas fotografias, escrevi ao controle interno de produção, porque imagina as larvas ou resíduos que podem ter na fábrica", realça o consumidor. "Disseram-me que isso pode acontecer porque o produto tem microperfurações para ventilação", diz.

Indemnização irrisória

A impotencia fez com que R. P. fosse ao advogado David Brú de Brú & Associats. Desde o início de setembro até à data de hoje, o profissional tem estado a lutar no caso contra a Casa Tarradellas. O único que lhe ofereceram de indemnização ao seu cliente foram uns 500 euros. Um valor que agravou a raiva pela situação.

"Tentaram lavar as mãos, mas não é normal que vendam esta porcaria após uns controlos de produção com baratas no interior", realça R. P. "São uns gangsters. IIsto acontece nos Estados Unidos e cai-lhes o cabelo, mas como acontece em Espanha dizem que as baratas são da Marvel e que atravessam o plástico", ironiza.

É uma barata?

As imagens mostram um vislumbre de um grande inseto que pode parecer uma mosca grande para alguns, ou um pequeno gafanhoto para outros. Também se assemelha a uma barata esmagada. Em resposta, a Consumidor Global recorreu a um entomologista para esclarecer as dúvidas.

Andrea Bonifazi, doutorado em Ecologia Marinha e criador da página de Instagram Scienze Naturali, depois de observar as fotografias deste fuet da Casa Tarradellas, considera que é difícil dizer com certeza de que tipo de inseto se trata: "Provavelmente é uma barata", conclui o especialista.

A Casa Tarradellas defende-se

"Atualmente, o nosso departamento de Atendimento ao Cliente está em contacto com o dito consumidor e o seu caso está a ser tratado directamente com ele e estudado nas diferentes vias correspondentes", respondem à Consumidor Global da Casa Tarradellas. Uma resposta que surpreende pois, segundo R. P, com ele "não falam" e ao seu advogado "dão-lhe esperas".

"A Casa Tarradellas e o seu departamento de qualidade, garantem o cumprimento dos mais altos padrões de qualidade, segurança e proteção, assegurando desde a produção à embalagem, bem como ao longo de toda a cadeia de abastecimento, o cumprimento de todos os protocolos de segurança", explica a empresa.

O que diz a Aesan

A Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (Aesan) diz que "o operador de empresa alimentar é responsável por assegurar, em todas as etapas da produção, transformação, embalagem, armazenamento, distribuição e colocação à disposição do consumidor, que os alimentos cumprem os requisitos relevantes da legislação alimentar.

O fuet da Casa Tarradellas contaminado / FOTO CEDIDA

O Regulamento (CE) nº 852/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril de 2004, relativo à higiene dos produtos alimentares, estabelece no Anexo II capítulo I.2.c. o seguinte: "A disposição, o desenho, a construção, a localização e o tamanho dos locais destinados aos produtos alimentares: (…) permitirão umas práticas de higiene alimentar corretas, incluída a proteção contra a contaminação, e em particular o controle das pragas". Além disso, no mesmo anexo, o capítulo IX afirma que (...) "serão aplicados processos adequados de controlo de pragas".

Os direitos dos consumidores

"Neste caso dever-se-ia averiguar em que momento se produziu a entrada do inseto na embalagem para poder adotar as medidas correctivas adequadas", expressam da Aesan. "Pode ter sido nas instalações do fabricante ou, já que a embalagem do fuet normalmente está furado para favorecer a ventilação do produto, a contaminação pode ter ocorrido numa fase posterior, mesmo fora de um estabelecimento alimentar", sublinham.

"Em qualquer caso, as pessoas podem exercer o seu direito de devolver o produto à loja onde o compraram", conclui a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutricional.