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Tem futuro a carne que não é carne, mas que o parece?

Os alternativas vegetais estão cada vez mais presentes em estabelecimentos de todo o tipo e as grandes redes juntam-se a esta moda sem pensar nisso

Mónica Timón

carne vegetal pollo heura

Os produtos de origem vegetal existem desde há muito e, no general, as pessoas que decidem seguir este tipo de alimentação não o fazem não porque não gostam da carne, mas sim porque priorizan motivos éticos e morais como o respeito pelos animais e o meio ambiente. Por isso, nos últimos anos, a indústria alimentar tem dado um grande salto e as novas carnes vegetais parecem-se, cada vez mais, às de frango, porco ou bovino. Na verdade, deixar-se guiar só pelos sentidos pode ser confuso, já que o aspeto, o cheiro e o sabor das opções veggies estão muito conseguidas.

O debate sobre se estes produtos de origem vegetal devem denominar-se salchicha, filete ou hambúrguer está aberto há algum tempo, mas o Parlamento Europeu já o decidiu. A indústria da carne sempre quis que os alimentos de origem vegetal tivessem outro nome, enquanto as entidades vegans acham que isso vai contra os interesse dos consumidores. Nesse sentido, os eurodeputados europeus têm falado e consideram que um hambúrguer feita de quinoa, soja ou tofu continua a ser isso, um hambúrguer, ainda que provenha de uma planta ou de uma semente.

Diferentes posturas

"O debate tem ganho relevância pelo incremento da procura e oferta de produtos alimentares que não contêm nada de carne, mas o aparentam", explica À Consumidor Global José María Ferrer, responsável por direito alimentar do centro de inovação tecnológica Ainia. No entanto, em Espanha existe um decreto que define legalmente o conceito de hambúrguer como um produto elaborado com carne picada e que pode levar sal, especiarias e outros condimentos. Enquanto, os produtos não cárneos se regem por outra regulação que determina que a sua denominação comercial deve ser diferente à estabelecida para os cárneos "porque poderiam induzir em erro sobre a natureza do alimento", detalha Ferrer.

Além disso, em 2017, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) proibiu comercializar sob o nome de leite, queijo, iogurte ou manteiga aqueles derivados de plantas para evitar a confusão entre os consumidores. Desta forma, essas denominações  ficam reservadas exclusivamente a produtos de origem animal, uma disposição que também ficou ratificada em outubro de 2020. "No entanto, uma decisão não contradiz a outra", ressalta Ferrer. "Não é a mesma coisa que o Parlamento Europeu exprime uma posição do que que o Tribunal dita uma sentença num caso específico", acrescenta.

O 'boom' dos hambúrgueres sem carne

Ainda que sempre tenha existido alternativas vegetais, não foi até 2016 quando começaram a assemelhar à carne na sua aparência. Nessa linha trabalha Heura, uma empresa espanhola que desenvolve hambúrgueres de proteína vegetal que poderiam passar por uns de frango e bovino. Além da fiel semelhança, "nossos produtos têm o mesmo contributo proteico, mas só um terço da gordura", conta a este meio Marc Coloma, cofundador da citada empresa. O ingrediente principal é a soja ou a ervilha e seu processo de fabricação é parecido ao processo da massa. "O nosso objectivo é oferecer proteínas com um impato positivo no mundo", assegura.

Alguns supermercados também aderiram ao fabrico dos burguer veggies. Assim, por exemplo, o Lidl conta com uma versão vegan feita à base de coguelos e ervilhas, mas com "textura, cheiro e sabor 100% a carne". E as grandes redes viram-se obrigadas a adaptar-se às novas procuras dos seus clientes, como McDonald's e Burger King, acrescentando estas opções à sua oferta.

Comida que cuida do planeta

Além de hambúrgueres e as cachorros-quentes, as opções de comida vegetal que imitam algumas partes comestíveis dos animais são infinitas. Ovos feitos a partir de algas, iogurtes de sementes e cereais ou queijos fabricados com frutos secos são algumas das opções. "A Mommus nasce da impossibilidade de encontrar substitutos vegetais dos queijos que fossem comida real, sem aditivos, com elaboração tradicional e com sabor natural a queijo", explica Cristina Quinto, proprietária da mencionada marca. Os seus produtos são elaborados a partir da castanha de cajú e só contêm este fruto seco, fermento, água e sal. "Segue um processo muito semelhante ao do queijo e o seu segredo está na fermentação e maturação", ressalta.

Na verdade, para Quinto, o "tremendo" auge da procura destes alimentos baseia-se na relação que existe entre a forma de consumir e a deterioração da Terra. Na verdade, segundo a ONU, o consumo de carne é uma das escolhas que mais marca o planeta. Na verdade, com a água que se precisa para produzir 312 hambúrgueres de carne vermelha se podem produzir mais de 60.000 de origem vegetal.