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Carne vegetal numa praça de touros: Heura gera polémica na apresentação do seu chouriço vegan

A 'startup' catalã lança dois produtos novos que imitam o porco com o objetivo de "transformar a rede alimentar e ser uma empresa de transição proteica"

Núria Messeguer

Marc Coloma e Bernat Añaños com os novos produtos, a salsicha e o chouriço / HEURA

A praça de touros de Barcelona abre de novo a suas portas. Após quase dois anos praticamente sem eventos sociais, já se sente de novo certa normalidade. Soa um pasodoble e saltam para a areia da Monumental Bernat Añaños e Marc Coloma, os fundadores da Heura, uma startup de carne vegetal que já está presente em 15 países de todo mundo.

"Temos que parar de idealizar a tradição. A típica frase de que sempre se fez assim, tem que se eliminar do dicionário", encorajou orgulhoso Añaños no início do evento. Hoje a Heura fez história e colonizou o santuário taurino de Barcelona para apresentar nada mais, nem nada menos, que um chouriço e uma salchicha vegans. "Isto é uma revolução na praça de touros, o maior símbolo da crueldade animal", acrescentou Coloma face aos aplausos dos presentes.

Imitar a carne de porco

Heura começou a imitar o frango com os seus bocaditos mediterrâneos espaçados. Passou à vitela com as almôndegas e o hambúrguer e, agora estreia a sua seção de produtos inspirados na carne de porco. O seguinte? "Transformar a rede alimentar por completo. Não somos uma empresa de carne vegetal, somos uma empresa de transição proteica", explicou Añaños.

A salchicha Heura tem 40% menos de gorduras saturadas que a carne animal e o seu chouriço até 60% menos. Ambos estão livres de gluúen, têm um alto conteúdo em vitamina B12, proteínas e também fibra."Fomos apresentar o produto numa cidade de tradição ganadeira, perto de Toledo, e foi um autêntico triunfo", relatou Añaños. Segundo o empresário, muitos dos aí presentes alegraram-se pela existência do chouriço vegan. "Diziam que com esta composição nutricional o médico sim permitir-lhes-ia comer". Tanto a textura como o sabor dos dois enchidos consegue imitar na perfeição o lanche dos tradicionais. Segundo os empresários, as pessoas da cidade não sabiam que iam degustar alimentos plant based e "não deram conta", acrescentaram. Na opinião destes, o mais complicado não foi dar com a receita ideal, mas sim "imitar o intestino que cobre estes alimentos".

A 'startup' da moda

A 22 de abril de 2017, no dia da Terra, como não podia ser de outra forma, foi fundada a Heura. Depois de um ano a testar o produto, em 2019 desembarcou nos supermercados e redes de restauração e a receção foi muito boa. Foi então que vários investidores se interessaram por este fenómeno e apostaram nela. É o caso da New Crop Capital, um de fundos pioneiros norte-americanos em todo o ecossistema da proteína alternativa

No entanto, no passado ano terminaram de chegar às grandes de rede de alimentação e começaram a sua expansão internacional. Hoje estão presentes em 15 países desde Canadá ao Egipto, e com especial atenção na Europa .