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A armadilha de algumas marcas com o rótulo da carne picada: nem sempre é 100% carne picada.

A maioria destes produtos incluem outros ingredientes como sal, antioxidantes ou concentrados de beterraba para facilitar a sua conservação, e a lei é muito clara a respeito

Alberto Rosa

Um prato com carne picada / PEXELS

Molho bolonhesa, almôndegas, beringelas recheadas ou um hambúrguer. A carne picada é um ingrediente habitual em muitas receitas, mas também um produto delicado do qual convém conhecer as suas características antes de a comprar. É que os rótulos da carne picada podem gerar confusão no consumidor, pois a maioria destes produtos contam com outros ingredientes adicionados que impedem que se possa comercializar como carne.

"Para que um produto se possa chamar carne só pode levar carne e quando muito, sal, e menos de 1%", escrevia nas redes o tecnólogo e comunicador alimentar Miguel Ángel Lurueña. Fazia-o junto à fotografia da embalagem de um preparado de carne na qual se pode ler com letras grandes a palavra "Picada".

Carne picada ou preparado de carne?

Segundo explica o próprio Lurueña, essa denominação "pode fazer-nos pensar que se trata de carne picada, isto é, carne e nada mais". Mas a verdade é que, se se revê a informação nutricional do produto, a composição é de 95% de carne e 5% de outros ingredientes como água, antioxidantes, sal, concentrado de beterraba  e fermentos lácticos.

É pouco habitual encontrar carne picada embalada porque tem uma caducidade muito curta, de umas 24 horas. Por isso, a indústria costuma comercializá-la com adicionados e componentes para prolongar a sua conservação, motivo pelo qual não se pode denominar "carne".

Que diz a lei

Segundo estabelece o Real Decreto 1376/2003 pelo qual se marcam as condições sanitárias de produção, armazenamento e comercialização das carnes frescas, "denominar-se-á preparado de carne os produtos feitos com as carnes ou as carnes picadas às quais se lhes tenham adicionado outros produtos alimentares condimentos ou aditivos".

Uma bandeja de preparado de carne picada / FREEPIK

Já que, desta forma, modifica-se "a estrutura celular da carne na parte central da superfície de corte e faz desaparecer a característica da carne fresca", detalha o texto.

Aprender a ler os rótulos

"Os rótulos deveriam ser o mais claros possíveis na apresentação da embalagem dos produtos para evitar que o consumidor tenha uma ideia errónea do que está a comprar", diz Jesús García, tecnólogo alimentar. Segundo explica este especialista à Consumidor Global, "é habitual encontrar rótulos de produtos que dão a entender uma coisa que não corresponde com a composição real e os ingredientes do artigo".

Carne picada com cebola / PIXABAY

Além disso, García insiste na importância da pedagogia e a consciencialização para que os consumidores aprendam a entender bem os rótulos. "Há que fazer um esforço para que o consumidor seja capaz de ler sem problemas o rótulo e não caia em erros de suposição pela apresentação dos produtos", conclui.

Ir ao talho de confiança

Em frente aos preparados de carne, que contam com mais gordura, aditivos e pior qualidade, os peritos recomendam comprar a carne picada em "talhos de confiança" onde se cumpram as normas de higiene.

É verdadeiro que, neste caso, a carne picada há que a consumir dantes de 24 horas e a guardar bem envolvida na parte mais frite do frigorífico durante esse tempo. Assim se evita a contaminação por qualquer germen ou bactéria. Finalmente, a opção mais segura de todas é picar a carne em casa com algum robô de cozinha justo no momento no que se vá consumir.