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"Não compre!" Os cremes solares da Garnier e Nivea para crianças que não protegem o que prometem

A associação de consumidores mais importante do Reino Unido aconselha a evitar dois filtros solares que não passaram nos testes relevantes e que ainda são vendidos na Espanha

Teo Camino

don'tbuy

É verão e o sol brilha. O calor aperta cada vez mais e são muitos os que já ultimam os preparativos para as suas férias. As longas jornadas na praia, o destino preferido dos espanhóis para os seus banhos refrescantes, implicam implícita a exposição aos nocivos raios solares dos quais é necessário se proteger. E é neste ponto onde surgem as primeiras dúvidas. Protegem os cremes solares tanto como prometem nas suas embalagens? São todos eles produtos seguros?

A resposta, lamentavelmente, é não. Assim o alerta Which?, a associação de consumidores mais importante do Reino Unido, que depois de analisar 15 protetores solares para comprovar a sua eficácia aconselha a "não comprar" dois cremes de sol da Garnier , do grupo L'Oréal, e Nivea para crianças por não ter passado os teste de protecção. Um facto alarmante, pois trata-se de dois dos protectores solares mais vendidos em Espanha.

A pior notícia no pior momento

"É preocupante que dois protetores solares de marcas respeitadas tenham falhado nos nossos testes de protecção", apontam da Which. Mais especificamente, trata-se dos cremes solares do L'Oréal Ambre Solaire Clear Protect Spray SPF30 da Garnier (200 mililitros por cerca de 14 euros) e o Kids Protect & Care SPF50+ Spray para crianlas da Nivea (também a embalagem de 200 ml, por 10 euros). O ae Garnier "não passou na nossa prova de UVA , enquanto o ae Nivea foi considerado deficiente quanto à protecção SPF, particularmente relativo à proteção da pele das crianças e os riscos do sol", alertam da associação de consumidores britânica. Depois de uma primeira análise, voltaram a colocar àprova ambos protetores com o mesmo resultado.

Convém referir  que o factor de protecção solar (SPF em inglês) é o responsável de absorver a radiação UVB --a maior responsável pelas queimaduras solares e do cancro de pele--, enquanto os raios UVA são os que provocam o envelhecimento da pele e o aparecimento de rugas. "A nossa investigação mostra que os consumidores nem sempre podem confiar em que estes produtos essenciais proporcionarão o nível de proteção que esperam para eles e para os seus filhos", alertam da Which. Como é lógico, como resultado destes testes fracassados numerosos meios britânicos fizeram eco da notícia, pelo que é de esperar que as vendas da Nivea e Garnier na Inglaterra, Escócia e Gales caiam a pique este verão. No entanto, a notícia não correu em Espanha, onde a Nivea ainda é a marca de protetores solares para crianças mais vendida e a Garnier é outra das mais populares --na Amazon o creme que não passou no teste em Inglaterra está esgotado--.

Os cremes solares da Garnier e Nivea para crianças num supermercado espanhol / CG

Como afectará as vendas da Nivea e Garnier em Espanha?

"A curto prazo, uma notícia assim destroça as vendas porque é um tema muito sensível e muitos consumidores deixam de comprar os teus produtos", explica Emili Vizuete, diretor do mestrado de comércio e finanças internacionais da Universidade de Barcelona (UB), que pensa que, a longo prazo, se o consumidor recupera a confiança no produto e é fiel à marca, esquece o sucedido e volta a comprar. "Às vezes o consumidor tem memória curta", acrescenta Vizuete.

Este especialista em marketing e comércio internacional afirma que uma empresa como a Nivea tem um protocolo de crise muito estruturado "para limitar os danos se a notícia sai em Espanha e explode". É que as grandes marcas contam com um procedimento para lançar, através das redes sociais e do seu website, um comunicado a dizer que o seu produto passou todas os testes apropriados. "Às vezes, inclusive, apresentam algum estudo", sentencia Vizuete.

A postura da Nivea e Garnier

Enquanto Which? aconselha os consumidores que "não comprem estes produtos já que há alternativas disponíveis que são mais baratas e funcionam melhor",  a Nivea e a Garnier defendem-se com o protocolo de crise habitual. Por sua vez, da Beiersdorf --fabricante da Nivea-- alega que "a segurança dos nossos produtos é de maior importância e que quando este produto foi testado de forma independente em 2019 atingiu um SPF de 62". Por isso, como era de esperar, na Beiersdorf não estão de acordo com as recomendações da Which?. Algo semelhante sucede com a L'Oréal, fabricante da Garnier Ambre Solaire, que questionam os resultados da Associação britânica porque realizaram provas independentes das propriedades UVA do produto e sim superaram os testes.

Ao tentar entrar em contacto com a Nivea e a L'Oréal Espanha, este meio recebeu o silêncio como resposta. Na hora de perguntar pela segurança do protector Ambre Solaire Clear Protect Spray SPF30 da Garnier que não passou o teste de protecção da Which?, do serviço de atendimento ao consumidor limitam-se a afirmar que "todos os seus produtos solares seguem as recomendações da Comissão Europeia para oferecer uma proteção de amplo espectro e equilibrada face aos diferentes tipos de radiação ultravioleta". Assim retsta-nos esperar que a Agencia de Medicamentos y Productos Sanitarios (Aemps), que ainda não se pronunciou a respeito, tome providências a respeito como autoridade competente para retirar ou não estes cremes do mercado espanhol.