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O perigo de comprar um medicamento que se escuda num complemento alimentar

No final de 2020, a Agência Espanhola do Medicamento retirou do mercado as cápsulas Liver Refresh por ser, em realidade, um fármaco e não um suplemento

Mónica Timón

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Os suplemento alimentares podem-se tomar para reforçar o sistema inmunitario, compensar a presença escassa de algum nutriente em nosso organismo ou para controlar o peso. Ainda que consideram-se um complemento, o verdadeiro é que a presença de um sozinho ingrediente em sua composição pode lhes conferir a condição de medicamento.

Para evitar a venda destes fármacos que se escondem como suplementos existe uma rede de alerta européia que informa aos organismos da cada país sobre a urgência de retirar do mercado aqueles não autorizados e que podem entranhar um risco para a saúde.

Cápsulas para a digestión

No final de 2020, a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários (AEMPS) retirou do mercado as cápsulas Liver Refresh, um produto que promovia o bom funcionamento do hígado e que se oferecia em diferentes sites como complemento alimentar. No entanto, entre seus ingredientes encontra-se a pancreatina, "uma substância farmacológicamente activa que lhe confere a condição de medicamento", explica a Consumidor Global María Perelló, responsável pelo Centro de Informação do Medicamento do Colégio Oficial de Farmacêuticos de Barcelona.

A pancreatina é um concentrado que facilita a digestión e a absorção das gorduras, as proteínas e os carbohidratos. Administra-se para favorecer a absorção de alimentos naquelas pessoas cujo organismo não é capaz de fabricar as enzimas necessárias nas quantidades suficientes, enfatiza a experiente.

Venda não autorizada

Por definição, um medicamento possui propriedades para o tratamento ou a prevenção de doenças. Por este motivo, todas as substâncias ou combinação de substâncias que possam se utilizar para modificar as funções fisiológicas, como o caso de Liver Refresh, devem ser autorizadas por um organismo competente dantes de arrancar sua comercialização. Assim, sua retirada do mercado responde precisamente à falta deste requisito indispensável para sua venda: ser objeto de avaliação e autorização prévia por parte da Agência do Medicamento. Em outras ocasiões, alerta-las produzem-se depois de descobrir-se reacções adversas não notificadas, mudanças na coloración ou pela contaminação do produto.

Neste caso concreto, a voz de alarme deu-a o chamado Sistema de Alerta Rápida para Alimentos e Pensos, uma rede que informa a respeito de assuntos de segurança alimentar dentro da União Européia. Enquanto, em Espanha, a AEMPS, depois de comprovar a presença de pancreatina em sua composição sem ter-se notificado, optou pela retirada imediata e por proibir sua venda em todo o país.

Um bote de cápsulas amarelas / PIXABAY

Risco para a saúde

Mais especificamente, a AEMPS tem qualificado de "ilegal" este produto por entranhar um risco para a saúde já que "sua dose deve ajustar-se em função da gravidade da doença". A pancreatina tem, ademais, outros riscos associados, pelo que seu consumo exige um controle. "Pode produzir efeitos adversos como náuseas, diarrea, estreñimiento, irritação ou urticaria", detalha a experiente Perelló.

No entanto, Now Foods, a companhia que está por trás deste produto, assegura que "se sacou do mercado europeu por mudanças na legislação, não por ser defeituoso". Troy Taylor, responsável pelas vendas internacionais da companhia, detalha a Consumidor Global que a retirada deste complemento alimentar, como o denomina ele, "tem afectado à empresa, já que são produtos com boa rotação e alta demanda em Espanha". Mas, sobre se consideram reformular o produto para introduzí-lo de novo no mercado espanhol, a empresa dá a calada por resposta. Em caso de fazê-lo, Perelló faz questão de que a assinatura deveria seguir o procedimento e os requisitos específicos e regulados para solicitar a autorização de um medicamento de uso humano fabricado industrialmente.