Garnier e Nivea defendem-se sem provas do falhanço dos testes dos seus cremes solares

Nem todos os filtros solares disponíveis no mercado são seguros e eficazes. Essa é a conclusão a que chegou a Which, a principal associação de consumidores do Reino Unido, depois de analisar os filtros de 15 filtros solares. Especificamente, os cremes Ambre Solaire Clear Protect Spray SPF30 da Garnier (200 mililitros por 14 euros), do grupo L'Oréal, e o Kids Protect & Care SPF50+ Spray para crianças da Nivea (também embalagem de 200 mililitros, por 10 euros), do Grupo Beiersdorf, não passaram os testes, pelo que no arquipélago se aconselha a "não comprar" estes produtos.

Ao mesmo tempo, a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários (Aemps) "continua a investigar  com a Nivea e a Garnier se esses artigos chegaram a vennder-se em Espanha " para tomar as medidas apropriadas no caso de que seja necessário. Por sua vez, as marcas assinaladas, que no início resistiram a falar com a Consumidor Global sobre o assunto, defendem-se agora com palavras, mas sem contribuir nenhum tipo de prova que sustente a sua posição e desmonte o estudo da Which.

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Teo Camino

L'Oréal e o seu creme que "não passa a prova de UVA"

A L'Oréal tem enfatizou o seu desacordo com as análises da associação britânica, nos quais se reflete que o protetor Ambre Solaire Clear Protect Spray SPF30 da Garnier "não passou a prova de UVA". "Depois da revisão dos resultados obtidos pela Which consideramos que as suas conclusões são imprecisas e enganosas", afirma Pilar Pérez Ramírez, diretora de comunicação externa da empresa cosmética, sem contribuir com nenhum relatório que corrobore as suas palavras. Da empresa defendem-se com o argumento de que a Garnier Delial é especialista na inovação da proteção solar desde há 85 anos e que é a única marca de proteção solar reconhecida pela British Skin Foundation. "Dispomos de robustas evidências, incluídos testes realizados em laboratórios independentes, que confirmam que os nossos produtos atingem um nível de protecção UVA de 19.7, significativamente acima do regular mínimo requerido de 10", afirma. Uma afirmação que em nada concorda com os resultados partilhados pela Which.

Convém recordar que o UVA tem de ser um terço do nível de protecção SPF, segundo a diretiva européia de solares. "Não faz sentido que a Garnier presuma ter um UVA de 20 se o SPF é de 30. É desproporcionado. A radiação de UVA está em proporção à radiação ultravioleta da qual nos protege o factor de proteção SPF", explica Mar Jal i Mora, diretora técnica e responsável por I + D dos Laboratórios Magriña, especializados no mercado de cosmética de farmácia.

Nivea não quer falar

No referente ao protetor da Nivea para crianças que se considera "deficiente quanto à protecção SPF", a marca do Grupo Beiersdorf continua sem fazer declarações para além das explicações oferecidas desde o Serviço de Atenção ao Consumidor. "A nossa empresa não concorda com os resultados reportados no relatório da Which", expõem antes de listar uma série de palavras já conhecidas: "Todos os produtos Nivea Sun, incluído Nivea Sun Kids Protect & Care SPF50+, submetem-se a provas em laboratórios de ensaio independentes para garantir uma eficácia constante e de alta qualidade, bem como a segurança dos consumidores, e os resultados destas provas confirmam que que estão em total conformidade com os padrões atuais para Fatores de proteção Solar".

A empresa afirma que "não tem mais nada a dizer para além do status" enviado através do Atendimento ao Cliente. Da Nivea também indicam que o dito produto não está no surtido de cremes solares comercializadas em Espanha, algo que os especialistas questionam.

O que não te contam sobre os testes de proteção

Como pode ser que dois filtros solares de marcas tão conhecidas como a Nivea e a Garnier passem certos testes e falhem outros? "Há muitos filtros solares que não chegaram a fazer testes com voluntários porque não é um regulamento, mas sim um conselho da UE", explica a especialista Jal i Mora, que acrescenta que marcas como estas é difícil que não tenham um teste feito.

"Outra coisa é que há alguns laboratórios que quando vão as grandes como Garnier ou Nivea olhem os resultados com atenção porque são clientes importantíssimos. Às vezes, os que fazem os ensaios são mais permisivos com as grandes marcas", sentencia Jal i Mora.