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Não te deixes enganar: as fraudes mais comuns ao adotar um animal de estimação pela internet

Na rede abundam as ofertas para acolher cães e gatos de raça que não são mais que armadilhas para enganar aos incautos e lhes esvaziar os bolsos

Ricard Peña

Perro esperando en una protectora PIXABAY

Não é um segredo, os animais de companhia são a debilidade de muitas pessoas. Pequenos amigos que partilham a vida com os seus donos e deixam uma marca difícil de apagar da memória. Este é o sentimento algumas organizações criminosas ou particulares sem escrúpulos aproveitam para para saquear a pessoas inocentes que só procuram um novo animal de estimação. Os criminosos, adaptados aos recursos que oferece o mundo digital, não costumam deixar vestígios senão identidades falsas.

Fóruns e páginas web de vendas entre particulares, como milanuncios.com, são usadas como isca para tentar aos interessados com fotos de cães e gatos de raça, muito difíceis de encontrar no mercado habitual. Além disso, a isca se engorda oferecendo preços ridículos em comparação com o seu valor real. Sem ir mais longe, uma das raças de cães mais cotadas neste momento, o bichón maltés, pode-se encontrar nestes anúncios falsos por 200 ou 300 euros, quando o seu preço real varia entre os 1.000 e 1.500.

Modus operandi

Há dois meses, Ana Marzo queria conseguir um bretón tricolor francês, uma raça de cão com a qual o seu pai tinha convivido durante anos até que o cão faleceu. Pensou que seria uma boa ideia proporcionar-lhe outro companheiro da mesma raça e depois de não encontrar nenhum nos abrigos, localizou uma oferta de adoção pelas redes. "O suposto doador disse-me que as despesas veterinárias eram 280 euros, que no final ficaram em 230, mas exigiu-me que usasse Bizum ou Waylet. Na verdade passou-me uma lista de aplicações de bancos com as quais lhe podia pagar", explica Marzo desde L'Alcudia (Valencia). Estas plataformas facilitam o intercâmbio imediato de dinheiro de uma conta para outra sem necessidade de confirmação.

"Prometeu-me que passaria perto da minha cidadeno dia seguinte, mas pela manhã disse que, por um problema de transporte, tinha que pagar mais 60 euros", disse a afetada. Depois de negar-se a efetuar o novo pagamento, o golpista ameaçou-a com sair com o animal, que ela ainda não tinha visto. Mas não concordou com o pedido e ficou sem o --inexistente-- cão e sem o dinheiro. Dias depois Marzo publicou outro anúncio no qual procurava, de novo, um bretón tricolor. Em poucas horas foi contactada, outra vez, pelo mesmo indivíduo com uma oferta idêntica à anterior.

Gato encerrado numa jaula / PIXABAY

Vítimas em toda Espanha

A Policia Civil tem perseguido este tipo de delitos. Uma das operações mais destacadas foi baptizada como Bichón Maltés. Uma denúncia em Cáceres resultou na detenção de cinco pessoas na Comunidade Valenciana, Castilla-A Mancha e Andaluzia às quais lhes foi imputado 33 delitos. Outra foi a operação Kitty-kat, na qual se deteve a 3 indivíduos por 34 delitos. Todos eles foram acusados de roubo de identidade, fraude através da internet e ameaças.

A Policia Civil tem detectado inumeráveis casos de engano com este método em todo o país, um dos membros do bando contata com a vítima através dos sites e o resto do grupo procura a informação de pessoas já defraudadas para utilizar os seus dados, roubar a sua identidade e ganhar a confiança dos novos objectivos. Além disso, criam e mantêm várias contas bancárias que utilizam como destino das transações fraudulentas, de forma que não sejam facilmente associados com a pessoa que se encarrega do contacto direto.

Roubo de identidade dos protetores

Além da criatividade para procurar vítimas, alguns golpistas têm dado um passo à frente e já não só utilizam identificações falsas, mas também que roubam as idemtidades dos protetores para mascarar os envios de dinheiro como doações e tratamentos médicos. Uma das afetadas é a associação Arca de Noé de Córdoba. "As pessoas devem deixar claro que um protector nunca pedirá dinheiro a ninguém pelos animais desta forma". explicam da ONG andaluza. Depois de denunciar o ocorrido, as ofertas em nome de Arca de Noé desapareceram das redes, mas o dano à sua reputação já estava feito. E alguns incautos morderam o anzol.

Algo semelhante aconteceu com a associação No Me Abandones, de Jerez da Fronteira (Cádiz). "Um dia escreveram-nos por Whatsapp acusando-nos de ter defraudado várias pessoas. Resulta que os delinquentes se tinham feito passar por nós para ganhar confiança, enviando fotos e tudo", contam esta associação de animais. Apesar de que a notícia teve relevância nos meios e de que a prefeitura emitiu um comunicado sobre o assunto, os golpistas continuam a usar a associação como isca para os seus enganos.