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As alternativas orgânicas ao flúor que colocam os teus dentes em perigo
O desconhecimento e as terapias naturais encheram as redes de boatos sobre produtos que prometem grandes benefícios sem nenhuma evidência científica
Cuidar dos dentes é uma preocupação constante. Conseguir um sorriso perfeito e reluzente é um objectivo para muitas pessoas. No entanto, graças à internet é possível encontrar remédios alternativos à clássica pasta com flúor que nem sempre podem comprovar todas as promessas que fazem aos consumidores.
Na verdade, é difícil que algumas destas técnicas, no caso de que funcionassem como dizem, superem a capacidade do flúor no correcto desenvolvimento da saúde bucal. A odontología tem comprovado como este elemento é seguro e eficaz para fortalecer o esmalte dental e combater as bactérias. No entanto, algumas pessoas preferem outras opções naturais ou caseiras sob a falsa crença de que as salvarão de uma possível intoxicação.
Óleo de coco
Há muito tempo que o azeite de coco apareceu nas redes e perfis de vários influencers de vida saudável como um elixir bactericida que protege dentes e gengivas. O método, conhecido como oil pulling é originario da Índia, e consiste em bochechar entre 15 e 30 minutos por dia com óleo de coco derretido. De acordo com os seus supostos benefícios, esta rotina de lavagem branqueia os dentes, elimina o tártaro e inclusive pode reforçar o sistema imunitario e prevenir doenças cardiovasculares.
Agora, todas estas promessas se desvanecem quando se recorre a ensaios clínicos. "Os escassos estudos disponíveis que existem sobre o tema têm encontrado uma redução da placa bacteriana na boca, mas a amostra mal recolheu 182 pessoas. A qualidade das investigações é muito pobre, pelo que há que ser prudente", insiste Óscar Castro, presidente do Conselho Geral de Dentistas. Este médico dentista acha que, sem evidências, seria perigoso abandonar a higiene baseada no flúor por estes bochechos, já que desconhece-se como pode afetar a boca depois de longos períodos de tempo.
Branqueamento dental
Outra opção que virou moda é o bicarbonato de sódio. Na verdade, escreveu-se muito sobre o efeito branqueador, quase milagroso, deste produto sobre a dentadura. Com uma lavagem rápida desta substância dissolvida em água, alguns asseguram que as manchas desaparecem. "Às vezes atribui-se-lhe este efeito ao bicarbonato, outras à papaia e inclusive ao carvão, mas não há nada que realmente branqueie os dentes exceto o peróxido de hidrogênio, ou seja, o peróxido de hidrogênio", afirma a este meio Jacob Farías, dentista na clínica San Gregorio, na Grande Canaria.
O bicarbonato, na verdade, mais que branquear é um produto abrasivo que afecta a dentina, tecido que dá cor aos dentes. "Só elimina as manchas de vinho ou café no esmalte, mas não branqueia nada, é um tratamento superficial", recorda Farías. Além disso, combinado com elementos ácidos, como o sumo de limão ou o vinagre, pode chegar a corroer o esmalte, o que implicaria um dano irreparável para os dentes.
Perigos do carvão
Como branqueante alternativo, o carvão ativo também teve um grande destaque como solução natural e sem flúor para o cuidado de uma boca saudável e bonita. Esta teoria chegou até os dentífricos, com várias marcas naturais a utilizá-lo como recurso de marketing, o que explica as suas propriedades antibacterianas e de absorção do tártaro e sujeira.
"A principal ação do carvão ativado a nível dental é produzir uma abrasão que pode desgastar o esmalte até perder uma quantidade considerável" explicam do Conselho Geral de Dentistas. Isto além do facto que, ao desaparecer o esmalte, a cor amarela da dentina se torna mais visível, facto que acentua o problema quando se procuram uns dentes brancos. O presidente do Conselho Geral de Dentistas afirma que o uso destas alternativas sem controle se deve a um lobby contra o flúor que aproveita o medo das pessoas e ignora todas as evidência científicas para lucrar.
Outras fórmulas alternativas
No entanto uma das alternativas ao flúor mais prometedoras é a combinação de cálcio e fosfato nas pastas de dentes, dois compostos que estão presentes no leite animal. Algumas marcas, como a Recaldent, incluíram esta fórmula em muitos dos seus dentífricos, já que estes dois elementos fazem parte do esmalte dental e conseguem consertar os danos que possa sofrer.
"Os íones calcio e fosfato são um campo muito prometedor, com resultados incríveis. Agora, não servem de nada se não levam um pouco de flúor na sua fórmula, já que este é o que se encarrega de eliminar bactérias e iniciar o processo de remineralização do esmalte. Mais que uma alternativa, por enquanto, é um muito bom acompanhante ou complemento", explicam fontes do setor.
Quantidade máxima de flúor
O maior debate que existe contra o flúor é o seu uso para crianças menores de 6 anos. Enquanto aprendem a lavar os dentes podem engolir com facilidade pasta dental, o que poderia implicar uma intoxicação por flúor ou fluorosis, uma doença que danifica e mancha os dentes de forma permanente. Mas se usar pastas sem flúor ou com muito pouca quantidade, corre-se o risco de que não exista proteção contra as cáries e o resto de bactérias orais.
"No caso das crianças, recomenda-se usar pastas de 500 partes por milhão (ppm) de flúor, mas é perigoso, já que esta quantidade é ridícula e não protegeria os dentes", diz à Consumidor Global Marta Ribelles, dentista na clínica Anna Ballester, em Castellón da Plana. A profissional confessa que a chave está na dose utilizada na escovagem, que está regulada por recomendações internacionais. Mais que um dentífrico baixo em flúor, o recomendado é utilizar uma pasta normal --que contenha entre 1.000 e 1.500 ppm de flúor-- mas com uma quantidade semelhante a um grão de arroz até os três 3 anos da criança. A partir daí, passaria ao tamanho de uma lentilha até os 6 anos, momento no qual os menores podem controlar por si mesmos a quantidade.
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