0 comentários
Adeus aos abonos gratuitos de Renfe: esta é a data na que terminará o desconto
O ministro de Transportes e Mobilidade Sustentável faz questão de que a chave recae em melhorar a experiência geral dos viajantes
O ministro de Transportes e Mobilidade Sustentável, Óscar Ponte, tem confirmado que a política de abonos gratuitos nos comboios de Cercanias, Rodalies e meia Distância tem nos dias contados. Segundo tem anunciado numa entrevista no programa Hora 25 da Corrente SER, esta medida, que tem estado vigente como resposta à alta inflação e para aliviar a economia das famílias espanholas, finalizará o 31 de dezembro de 2024, salvo que o Governo decida a prorrogar.
Ponte explicou que a renovação dos abonos gratuitos dependerá das negociações orçamentas e das decisões do Governo de Espanha, ainda que deixou claro que sua postura pessoal é que esta política "deve mudar". "A gratuidad tem sido uma medida coyuntural que tentava aliviar os bolsos dos cidadãos, mas acho que a aposta pelo transporte público deve centrar na melhora da qualidade, o confort, a frequência e a pontualidade, mais que na redução de preços", afirmou o ministro.
Face ao futuro, terá novas medidas
Desde que implementou-se a medida, uns 250.000 utentes têm aproveitado os abonos gratuitos, que estarão disponíveis até finais de 2024. No entanto, Ponte fez questão de que a chave para atrair a mais utentes ao transporte público não reside em oferecer bilhetes gratuitos, sina em melhorar a experiência geral dos viajantes. "Ganharemos utentes se oferecemos-lhes mais qualidade, mais confiabilidade e mais frequências. O preço do transporte público já é bastante competitivo em comparação com o uso do veículo privado", agregou.
Face ao futuro, o ministro abogó por manter apoios no preço dos bilhetes, mas de uma forma mais focada em bonos sociais e abonos recorrentes, com políticas que se ajustem melhor ao perfil dos utentes. Uma das possíveis novas medidas seria a implementação de um sistema de pagamento baseado no uso mensal do transporte, de modo que os utentes mais frequentes desfrutem de tarifas mais económicas. "Estamos a pensar numa forma de pagamento a mês vencido, na que o preço seja mais barato em função do uso que se faça do transporte público", adiantou Ponte. Quanto às petições de Greenpeace para unificar os abonos em toda Espanha, o ministro afirmou que esse é o palco desejado para 2026, um objectivo no que já estão a trabalhar.
A situação de Ouigo e a concorrência ferroviária
Por outro lado, Ponte também se referiu à concorrência ferroviária em Espanha, em particular à reclamação que Renfe planea apresentar contra Ouigo ante a Comissão Européia. O ministro denunciou que a empresa francesa acumula "enormes perdas" e que seu modelo de negócio, que opera por embaixo dos custos, está a gerar um desequilíbrio no mercado ferroviário espanhol.
"O Estado francês segue cobrindo as perdas de Ouigo mediante ampliações de capital, o que cria uma concorrência inviable em longo prazo", assinalou Ponte. Ainda que reconheceu que a liberalização ferroviária tem trazido benefícios, como uma maior oferta e preços mais baixos, o ministro advertiu que esta situação não é sustentável. "Tem-se abaratado o preço do bilhete temporariamente, mas o ritmo de perdas no que estão metidas as empresas ferroviárias poderia terminar afectando negativamente ao sistema em seu conjunto", concluiu. Esta situação, segundo Ponte, poderia afectar especialmente às zonas menos rentáveis, já que, a diferença da etapa prévia à liberalização, agora não há remanescentes suficientes para manter certos serviços.
Desbloquear para comentar