Basta com adentrarse no universo de TikTok cinco minutos para topar-se com centos de tutores de maquillaje com produtos de Sheglam . Para os que não a conheçam, é a assinatura de cosmética de Shein.
O gigante asiático apostou por esta linha de negócio em 2019. Desde então, "as vendas da marca têm crescido anualmente mais de 300% nos últimos dois anos", tal e como explicam fontes de Sheglam a Consumidor Global. Agora bem, por que a companhia chinesa converte em ouro todo o que toca?
O fenómeno dos 'dupes'
Segundo Google, um dupe é um duplicado. Na prática (e nas redes sociais), é um produto que plagia a outro mais caro mas com um preço mais asequible. E isto é precisamente o que faz Shein com sua faixa cosmética: copiar outros produtos para vendê-los baixo o selo de Sheglam e com um preço que não tem competidor.
Vejamos alguns exemplos. O colorete em stick de Pixi (23,99 euros) vs. a versão de Shein por cinco euros. O bálsamo hidratante de Dior (47,99), disponível em Shein por menos de três euros, ou o benetint de Benefit (42,99 euros) cujo clon chinês baixa até os 3,75 euros.
Como se conseguem preços tão baixos?
Desde Sheglam explicam a este meio que a marca vende "produtos de maquillaje de alta qualidade a preços acessíveis". No entanto, para vender cosméticos que não superam os dez euros, é evidente que se renuncia a um nível de qualidade.
Confirma-o a este meio Eduardo Irastorza, experiente em marketing e professor de OBS Business School. "Mas também não de uma qualidade muito inferior porque Chinesa tem a possibilidade de desenvolver produtos com umas economias de escala brutais", enfatiza. Shein pode negociar preços mais baixos com os produtores que qualquer marca européia. "Europa tem-o claro e está a concentrar-se no mercado de luxo", detalha o experiente
@ainhoa__caastro Obviamente a qualidade não será a mesma, mas me surpreendeu ver nestas semanas muitas imitações em Shein que dantes não podias encontrar ☺️#CapCut #sheglam #haulshein #shein #charlottetilbury #pixi #benefit #parati ♬ MONACO - Bad Bunny
A estratégia de Shein: potenciar as redes
Sheglam acumula 11,2 milhões de seguidores repartidos entre Instagram e TikTok. Por sua vez, Shein conta com mais de 42 milhões de followers entre ambas redes sociais. A viralidad de seus produtos está quase assegurada. Além do exército de fãs, o gigante chinês cumpre (relativamente) a regra de ouro para triunfar: bom, bonito e barato.
Agora bem, a aposta cosmética low cost de Shein vem com data de caducidad. "Não é uma marca que vá ficar nesse nicho de preços", afirma Irastorza. "Está focada a um público jovem que pode evoluir em seus rendimentos. Então, sua estratégia é bem mais dinâmica nas redes sociais que nos meios convencionais. Estão com as instagrammers de referência", explica o experiente.
Um crescimento por fases
Irastorza tem-o claro. Sheglam segue um crescimento que tem três fases. Uma evolução bastante frequente no mercado chinês.
@andreavaliente__ Nova base em stick de @SHEGLAM 😳😳😳😳 #sheglam #stickfoundation #sheglamfoundation #sheglamhaul #sheglamstickfoundation ♬ som original - Andrea Valente
A primeira fase é copiar para baixo custo. "A segunda, que é à que está a evoluir Shein, se baseia em chegar a acordos com fabricantes ou marcas conhecidas e sacar produtos juntos", sustenta. A última fase seria desenvolver produtos e que outros o copiem.
Competir com as marcas brancas européias
O crescimento e sucesso de Sheglam não se entende sem a evolução do sector da cosmética. As grandes correntes têm conseguido fazer-se com grandes quotas de mercado.
Um exemplo? "Assinaturas como Deliplus de Mercadona está acima de L'Oreal em muitas categorias", aponta Irastorza. De facto, segundo o experiente, os verdadeiros competidores de Sheglam são as marcas brancas européias. "Ainda não se propuseram desbancar a L'Oreal, nem muito menos", sustenta.
Passaporte directo ao sucesso
A filosofia de Sheglam não deixa lugar a dúvidas: "Oferecer as melhores soluções de beleza a todos os utentes em todo mundo", explicam a este meio. Mas na prática o que se encontra o utente é um consumo em massa de produtos cosméticos onde a qualidade fica em entredicho e o plagio é uma constante.
Triunfar no sector da cosmética não é coisa fácil. Há tanto onde eleger que não basta com ser o mais popular ou o melhor quanto a qualidade. Marcas como Sheglam demonstram que o sector low cost é um passaporte directo ao sucesso. A razão? Parece ser que os clientes não premeiam tanto a qualidade como o preço.