Loading...

Sabias que os provedores de Shein empregam a meninos? "Sim, mas…"

Consumidor Global entrevista a uma jovem cliente da assinatura de moda chinesa, que se fez popular por seus preços baratos

Teo Camino

Shein06

Shein já é a marca de moda on-line mais vendida em Espanha. Concretamente, a assinatura asiática lidera o mercado com um 11% de quota, por diante inclusive de Zara, que tem baixado do 8 ao 6%, e H&M, com um 3%, segundo dados da consultora alemã ECDB.

Saímos à rua para conhecer os motivos que levam aos consumidores a comprar em Shein, uma empresa manchada por numerosas polémicas.

--Boas tardes. Desculpa a intromisión. Sou jornalista e estou a fazer uma reportagem sobre Shein. Poderia fazer-te um par de perguntas?

--Sim, claro.

--Graças. Como te chamas?

--Luzia T.

--Vejo que vais com várias carteiras de Primark... Costumas comprar também em Shein?

--Sim.

--Quantas prendas tens mais ou menos?

--Não o sei. Umas sessenta ou assim.

Pacotes de Shein / ASHEINK EXPRESS

--Quantos anos faz que compras em Shein?

--Levo comprando em Shein uns quatro ou cinco anos.

--Alguma de prenda-las que levas é de Shein?

--Sim. Esta t-shirt e funda-a do móvel também é de Shein.

--Que é o que mais gostas de Shein?

--Que é barato.

--Quanto custa a roupa de Shein?

--Entre 4 e 20 euros. Mas agora estão a subir os preços a cada vez mais.

--É suspeitamente barato, não?

--Sim.

--Achas que os empregados de Shein devem ter umas condições dignas se depois a marca vende t-shirts por 3 ou 4 euros?

--Não, não o creio.

--Sabias que a própria Shein tem admitido trabalho infantil em dois de seus provedores?

--Bom, algo tinha ouvido. Mas concretamente isso não.

--Posso-te ensinar a notícia? Olha, sacou-o a 'CNN', entre outros meios, este verão. Que te parece?

--Parece-me muito mau, mas… Obviamente está mau, porque é explotacion infantil. Mas a gente, ao ser uma marca tão barata, diz que já lho espera. Tinha ouvido que diziam que tinha meninos asiáticos em suas fábricas, mas não o cria do tudo...

Uma prenda de Luzia T. / CEDIDA

--Alguma vez propuseste-te deixar de comprar em Shein?

--Não.

--Em nenhum momento?

--Quiçá alguma vez, mas agora já não compro tanto. Sobretudo porque têm subido os preços.

--Recentemente têm acusado a Shein de 'greenwashing', isto é, de fazer crer aos consumidores que seus produtos são sustentáveis com afirmações enganosas ou incertas...

--Não o sabia. Mas todo o de Shein não é que seja muito sustentável nem de boa qualidade, ainda que o ponham. Isso se sabe.

--Tens visto as imagens do documentário da corrente britânica 'Channel 4' onde se denunciam as condições desumanas de trabalho em suas fábricas?

--Não.

--Posso-tas ensinar?

--Sim (observa). Ah, é o das mensagens nas etiquetas.

--Que te parece?

--Parece-me muito forte. Uma pergunta: vais pôr meu nome?

--Posso pôr teu nome e teu apellido, teu nome, que é bastante comum, e a inicial de tua apellido, ou só teus iniciais, como prefiras.

--Vale. Pois o nome e a inicial do apellido.

--Facto. Em maio deste ano, a 'BBC' fez-se eco de que os trabalhadores de alguns provedores de Shein seguem trabalhando 75 horas à semana, apesar de que a empresa prometeu mudar esta situação...

--Parece-me fatal. É explotacion.

--A oenegé Greenpeace analisou 47 prendas de Shein e encontrou substâncias químicas tóxicas, perigosas para a saúde e o medioambiente...

--Não o sabia. Bom, não exactamente. Mas também não surpreende-me muito.

Outra prenda de Luzia T. / CEDIDA

--Sabendo tudo isto, te propões reduzir teus compras em Shein?

--Sim, seguramente. Tentarei fazer menos pedidos e reduzirei o consumo, ainda que já vinha-o fazendo. Mas alguma compra farei, é inevitável.

--Por que é inevitável?

--Porque há coisas que estão bem e porque os influencers não param de fazer hauls de Shein em TikTok ensinando todas as prendas que lhes presenteiam, todos os outfits, e alguns estão chulos. Ademais, acabas-te esquecendo de todo o que há detrás.

--Compras roupa de alguma marca parecida?

--Em Temu. E em loja Primark.