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As armadilhas de Martina Herrera: casacos que parecem "trapos" e devoluções a cargo do cliente
Muitos consumidores desta loja de roupa em linha queixam-se da "péssima qualidade" das peças de vestuário, provenientes da China, e das dificuldades em obter um reembolso.
A Associação Retail Têxtil Espanha vangloriava-se há uns dias do imparável crescimento do sector da moda. "A moda espanhola está na moda", vangloriavam-se na apresentação de um relatório protagonizado por grandes marcas como Inditex ou H&M. Mas, à margem destes gigantes, comprar roupa na internet converteu-se num verdadeiro risco.
É que é preciso ter cuidado, já que cada vez abundam mais sites fraudulentos ou lojas que vendem produtos de má qualidade procedentes da China. A última que a Consumidor Global detectou é Martina Herrera. Aparentemente, uma loja online qualquer que vende casacos, botas, malas e todo o tipo de artigos de moda.
O gancho de Martina Herrera
Fotos bonitas de peças de vestuário, textos muito atraentes e preços irresistíveis. É o gancho que utiliza para vender roupa procedente da China que nada tem a ver com o esperado ou o anunciado nas imagens. Ao menos assim o denunciam mais de uma centena de clientes no portal Trustpilot.
Amparo Patiño é uma das pessoas que comprou neste site. "A 14 de maio comprei um vestido nesta página, que apareceu inesperadamente na internet, para mim desconhecida. Fiz o pedido e paguei e ainda não recebi nada", conta esta utilizadora à Consumidor Global.
Uma app em chinês
"Escrevi-lhes vários mails pedindo o número de rastreamento e o nome da transportadora. O único que me enviaram é uma app que tive que descarregar que está em chinês e um link de rastreamento que não se entende", acrescenta. "Não tenho nem ideia do paradeiro desta empresa nem também não do seu telefone", conclui.
Às várias queixas por atrasos acrescenta-se a da má qualidade das peças. Nathalie Collart fez uma compra no dia 27 de abril, mais especificamente um casaco Beatriz (34,99 euros) e outra Mandy (32,99 euros). Após vários dias esperando o pedido e reclamando-o, finalmente recebeu-o no dia 20 de maio.
"O casaco parece uma cortina de duche"
"Quando por fim chega o pacote resulta que não só não se parece com o da foto, mas que tem uma qualidade péssima. O vestido é 100% poliéster, parece uma cortina de duche, e o casaco em vez de casas para os botões, tem buracos diretamente na costura", conta Collart a este meio.
Esta cliente reclamou à Martina Herrera, mas o único que lhe ofereceram foi "um suposto vale de desconto para uma nova compra que nem sequer anexam". Javi J., outro cliente, também denuncia a má qualidade da roupa desta loja. "Pedes um casaco de pele vegana e chega-te um trapo, mas literal, para limpar o pó deve ser genial".
Devoluções impossíveis
E quando alguém quer fazer uma devolução vai encontrar com uma surpresa. "Tenha em conta que não aceitamos devoluções de artigos comprados durante uma promoção ou saldos. Os artigos comprados durante uma promoção só podem mudar por outro produto ou por um vale", pode-se ler nas condições do site.
E spoiler, todos os artigos que se vendem na Martina Herrera estão "em promoção", de forma que é impossível fazer uma devolução e recuperar o dinheiro. Ademais, se se optar pela opção do vale ou troca, as despesas de envio por retornar a compra correm a cargo do cliente. Algo factível se os produtos fossem de proximidade e não tivesse que enviar ao país de origem, China. Então as despesas sim que aumentam.
Mais um site
Convém salientar que o caso de Martina Herrera não é o único. São muitas os sites de venda de moda online que a Consumidor Global tem denunciado em diferentes artigos, como é o caso de Luzia Vega, Cicarias, Zapas Siroko ou CeroCincuenta, entre outras.
Muitas delas, como é o caso de Martina Herrera, utilizam os serviços de Shopify, uma plataforma que oferece estruturas web de comércio eletrónico para lojas online. Quando a loja acumula inúmeras queixas e denúncias, muda de nome e volta a usar a mesma estratégia. A Consumidor Global contactou Martina Herrera para saber a sua posição sobre estas denúncias, mas até ao fecho do artigo não obteve resposta.
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