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Adeus a Marypaz? A assinatura de sapatos que facturar milhões e ameaça com fechar todas suas lojas

Depois de várias crises encadeadas, a marca sevillana tem anunciado um ERE que poderia levar à liquidação definitiva suas 54 locais afectando a mais de 250 trabalhadores

Ana Siles

Una tienda de Marypaz en Emiratos Árabes EP

Marypaz é uma assinatura sevillana de sapatos que se fundou em 1972. Sempre tem apostado por calçado low-cost e durante anos tem sido um gigante do sector têxtil. Tem chegado a ter mais de 400 lojas repartidas por todo mundo e 2.000 trabalhadores. Ademais, tem atingido facturações superiores aos 200 milhões de euros.

No entanto, já não fica rastro desse sucesso. Em 2016, a companhia apresentou concurso de credores. Foi então quando começou uma etapa de crise que chega até a actualidade. Faz tão só umas semanas anunciou um expediente de regulação de emprego (ERE) que pode afectar às 54 lojas que lhe ficam e suas 276 trabalhadores.

A época dourada

Em 1972, Ángel Aguaded abriu a primeira loja de Marypaz em Sevilla. Até o ano 2007, a assinatura viveu sua época dourada.

"No 2000 decidem expandir-se a nível internacional e aterram no França, Portugal, Arábia Saudita e República Dominicana", explica a Consumidor Global Benito Rodríguez, assessor de estratégia.

Translado a Chinesa e perda de qualidade

A filosofia de Marypaz sempre tem sido vender calçados a custos baixos e com uma qualidade aceitável. De facto, os preços actuais oscilam entre os 20 e os 30 euros. Até a crise financeira do 2007, a companhia fabricava seus produtos em Espanha mas depois transladou a produção a Chinesa.

"Passaram do couro que se aplicava em Espanha a sintéticos que traziam de Chinesa e a qualidade se resintió muitíssimo. Começaram as críticas e o desencanto dos clientes. Em minha opinião é o primeiro problema da empresa", detalha Rodríguez.

Crises encadeadas

Já em 2016, Marypaz apresenta o primeiro concurso de credores e é resgatada pelo fundo Black Touro Capital. Em 2019, chega o segundo concurso de credores e Crocea Mors adquire a assinatura sevillana, tal e como explica o experiente.

A estas crises há que somar a pandemia. No processo, a companhia tem anunciado o fechamento de lojas até combinar-se com os 54 locais actuais e uma facturação inferior aos 30 milhões de euros.

Factores que explicam o declive

Os factores que explicam o declive de Marypaz são vários. À perda de qualidade de seus produtos, há que lhe acrescentar a falta de adaptação à venda digital, a forte dependência do mercado nacional e a falta de inovação em seus desenhos. Assim o explica Rodríguez.

Por sua vez, o experiente em marketing Eduardo Irastorza sublinha que pára que uma empresa sobreviva não basta com ser eficaz, também deve ser eficiente. "Marypaz deixou de sê-lo faz um tempo por dois motivos. A enorme concorrência que lhe rodeia e o palco pospandémico, onde só há lugar para as assinaturas inovadoras com suas propostas ou as que se orientam ao preço. As marcas intermediárias, como é este caso, sofrem muitíssimo", expõe.

Há esperanças para Marypaz?

O futuro de Marypaz é incerto. A companhia tem apresentado sua liquidação com um ERE para seus 276 trabalhadores e as 54 lojas. Alguns mantêm a esperança de que apareça uma nova companhia que a resgate. "Poderia continuar em activo se consegue equilibrar sua conta de resultados e se recupera o apoio do público", comenta a este meio Javier Díaz, advogado de Abencys.

Não obstante, será esta segunda-feira, 2 de setembro, quando se conheça a resolução definitiva através Julgado nº4 do Mercantil de Sevilla. Tanto Rodríguez como Irastorza acham que é muito complicado e improvável que outra companhia resgate a Marypaz. "Tem um futuro incerto que leva sendo seu presente muito tempo", conclui o experiente em marketing.