Alugar um andar numa das grandes cidades espanholas é missão impossível para a cada vez mais pessoas, que se encontram com preços disparados aos que não podem fazer frente. Faz uns dias, o Banco de Espanha justificou a "intervenção pública" dos alugueres ante o que já a cada vez mais vozes qualificam de crises de moradia. É um problema palpable também no preço das habitações: em 2014 alugar uma habitação custava 272 euros ao mês, em frente aos 423 euros que supõe em 2024.
Esses são os dados de um estudo realizado por pisos.com, a partir dos dados extraídos de pisocompartido.com, o portal líder em habitações de aluguer em Espanha. Ademais, a renda média nacional tem subido um 1,93% num ano, passando de 414,91 euros mensais de 2023 a 422,92 de 2024.
Resposta política
A ministra de Moradia e Agenda Urbana, Isabel Rodríguez, compareceu na quarta-feira 23 de outubro para render contas ante a situação de crise que atravessa a moradia e que tem provocado mobilizações em diferentes pontos de Espanha. Esquerra Republicana, Bildu e BNG, sócios habituais do Governo, solicitaram a comparecencia da ministra ante a "inacción" de seu departamento e a "falta de medidas".
Pelo momento, o Governo sozinho tem movido ficha com uma nova convocação das ajudas do Bono Aluguer Jovem, que estará dotado com 200 milhões de euros para dar ajudas de 250 euros a menores de 35 anos.
A demanda supera com muito a oferta
Segundo Ferran Font, diretor de Estudos de pisos.com, "as habitações em aluguer acusam o mesmo problema que o mercado da moradia em general: a demanda supera à oferta, o que encarece as rendas", com o agravante, acrescenta o experiente, de que "o andar compartilhado é o primeiro passo para a emancipación juvenil e o último recurso para as finanças pessoais mais ajustadas, e se esta alternativa deixa de ser acessível, as consequências poderiam ser devastadoras para a sociedade".
Font não só põe o acento na escassez da oferta, sina também em sua configuração. "Ainda que as percentagens ainda não resultam especialmente llamativos, sim que estamos a ver como ano após ano cai a presença de, por exemplo, o mobiliário dentro da habitação ou de equipamento básico como a lavadora ou os sistemas de calefacção e ar acondicionado dentro das moradias compartilhadas".
Distribuição por idades e zonas
Por idades, o grupo mais numeroso que procura um andar para alugar é o que vai de 18 aos 25 anos (50,79%), seguido do intervalo dentre 26 e 35 anos (29,38%). Por sua vez, os inquilinos dentre 36 e 45 anos representam o 10,98% da demanda e os que têm entre 46 e 60 anos o 6,57%. Por último, os maiores de 60 são o grupo mais reduzido: 2,28%.
Por outra parte, segundo o relatório, o 33,78% dos andares compartilhados reparte-se entre Madri (12,78%), Barcelona (11,59%) e Valencia (9,41%). Se amplia-se a dez províncias, a percentagem de andares chegaria ao 63,92%. Quanto à partilha da demanda, são as províncias de Madri (22,60%), Barcelona (22,19%), Sevilla (6,95%), Valencia (5,23%), Málaga (4,55%) as que aglutinam o 61,52% dos inquilinos que procuram habitação.
Idade dos inquilinos
Com respeito à idade dos inquilinos nas dez províncias com mais demanda, o trecho de idade dominante é o que vai de 18 aos 25 anos, menos em Baleares, onde os inquilinos mais numerosos são os que têm entre 26 e 35 anos (41,98%). Isto indica que, neste archipiélago, já há inclusive residentes aos que lhes começam a sair canas que vêem frustrados ou obstaculizados seus projectos vitais.
Por outra parte, o máximo e o mínimo no grupo dos mais jovens localizam-se em Granada (71,08%) e em Baleares (35,98%). Os inquilinos com mais de 60 anos atingem sua maior representação em Vizcaya (1,71%), enquanto em Granada (0,11%) é onde sua presença é mais escassa.
Cidade Real, a capital mais barata
A capital de província na que resulta mais caro compartilhar andar é Barcelona (623,14 €/mês), seguida por Donostia-San Sebastián (546,80 €/mês), Madri (538,94 €/mês), Palma (514,75 €/mês) e Girona (474,81 €/mês).
Quanto às mais baratas, a listagem está encabeçada por Cidade Real (189,07 €/mês), à que seguem Huelva (211,86 €/mês), Palencia (235,71 €/mês), Soria (248,50 €/mês) e Ávila (249,50 €/mês).