Primeiro blecaute do ano: Endesa deixa a milhares de consumidores sem luz

A empresa elétrica, responsável pelo fornecimento em Ceuta, voltou a deixar à cidade a escuras durante o meio dia do passado domingo

El consejero delegado de Endesa, José Bogas   Juan Barbosa   EP
El consejero delegado de Endesa, José Bogas Juan Barbosa EP

O 2025 tem começado com mais do mesmo para os ceutíes: cortes de electricidade que afectam sua vida diária. Neste domingo, a empresa elétrica Endesa, responsável pelo fornecimento em Ceuta, voltou a deixar à cidade a escuras durante o meio dia.

O blecaute, que ocorreu às 14.30 horas, paralizó as cozinhas e lares num momento finque, gerando moléstias em restaurantes e domicílios, especialmente naqueles onde a electricidade é essencial para cozinhar e realizar tarefas quotidianas.

Não é um incidente isolado

Ainda que o fornecimento começou a restabelecer no centro da cidade uns 30 minutos depois, os residentes de barriadas periféricas como Hadú, Loma Colmenar, A Rainha, Povoado Regulares e Miramar tiveram que esperar mais tempo para recuperar a electricidade.

Fachada de la sede de Endesa en Madrid / EP
Fachada da sede de Endesa em Madri / EP

Este novo corte não é um incidente isolado; soma-se a uma longa lista de interrupções que têm convertido os blecautes num problema estrutural para a cidade.

Protestos e críticas para Endesa

A indignação pela falta de um fornecimento elétrico estável fez-se palpable em redes sociais e declarações públicas. Entre os principais críticos encontra-se Mohamed Mustafa, líder do partido Ceuta Já!, quem denunciou a ausência de medidas sancionadoras contra Endesa por parte das autoridades competentes.

"O modelo de deslastre atual está a afectar inclusive ao centro da cidade, quando dantes os blecautes se concentravam nas barriadas periféricas. Os vizinhos estão obrigados a sofrer em silêncio porque falar de sanções à empresa elétrica parece estar proibido", afirmou Mustafa.

Não se aplicaram sanções significativas

O líder autonomista destacou que, apesar da reiteración dos blecautes, o área de Indústria não tem aberto expedientes informativos nem tem aplicado sanções significativas contra Endesa, que gere tanto a geração como a distribuição da electricidade na cidade.

A população ceutí leva anos suportando estas interrupções de fornecimento, que afectam tanto a sua qualidade de vida como à actividade comercial. As queixas, que se multiplicam com cada novo corte, refletem o hartazgo ante uma situação que parece não ter solução imediata.

O cabo submarino, uma esperança para Ceuta

A solução a este problema passa pela construção de um cabo submarino que ligará a Ceuta com a rede elétrica nacional, eliminando sua dependência de uma única generadora local. Este projecto, que se espera entre em funcionamento no final deste ano, tem sido assinalado como a única alternativa para garantir um fornecimento estável.

Não obstante, a chegada desta infra-estrutura não está isenta de cepticismo. Os cidadãos temem que, inclusive com o cabo submarino operativo, a gestão de Endesa e a falta de supervisão efetiva seguam sendo um obstáculo para solucionar os problemas elétricos de forma definitiva.

Ceuta clama atenção

Para Ceuta, os blecautes são mais que uma moléstia; são um reflexo de uma gestão que não prioriza as necessidades de seus habitantes e uma falta de planejamento em longo prazo. Enquanto, o mal-estar segue crescendo entre uma população que exige respostas e soluções imediatas.

Tendido eléctrico, que transporta la luz / EP
Tendido elétrico, que transporta a luz / EP

Num país onde a estabilidade do fornecimento elétrico é a norma, Ceuta continua sendo uma excepção que clama por atenção. Com um início de ano marcado pelo primeiro blecaute significativo, os ceutíes vêem no cabo submarino a única esperança tangível num horizonte cheio de incerteza.

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