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Mapfre trata de cobrar 533 euros pela renovação da póliza de um carro siniestrado pela DANA

A filial da multinacional seguradora, Verti, só acede a fazer uma "excepção" com o afectado, José Sabater, após que sua queixa se voltasse viral nas redes sociais

Ana Carrasco González

El coche sinistrado de José Sabater X

O carro de José Sabater terminou num polígono de Ribarroja, aplastado e coberto baixo outros dois veículos, todos danificados pelas graves inundações provocadas pela DANA do passado 29 de outubro. "O 16 de novembro, Verti vai cobrar-nos 533 euros da póliza, apesar de que o carro já não existe porque tem ficado em siniestro total", denunciava o vizinho de Xirivella na quarta-feira passada numa mensagem pública nas redes sociais, visivelmente afectado.

Segundo os termos do contrato com Verti, filial de Mapfre, Sabater tinha até o 27 de outubro para cancelar seu póliza sem necessidade de justificativa. No entanto, só dois dias depois, as crescidas do Turia e do Júcar devastaram Valencia, o deixando sem possibilidade de resgatar o veículo. Por isso, ao ter vencido o prazo e sem poder transladar o carro a um desguace para obter o certificado de baixa da Direcção Geral de Tráfico, a seguradora recusou sua solicitação de cancelamento. Como resultado, o próximo 16 de novembro a póliza renovar-se-ia automaticamente.

"Que se inteire todo mundo"

"Que todo mundo se inteire do que estão a fazer Verti e Mapfre com seus clientes afectados pela DANA", expressava o danificado numa publicação nas redes sociais que rapidamente tem captado a atenção de centos de utentes.

O fio em X de José Sabater / X

"Como estamos fora de prazo, a seguradora nos exige a baixa do veículo na DGT, mas para obter este certificado é necessário levar o carro a um desguace, algo totalmente impossível nestas circunstâncias, já que estão inoperativos e não há serviço de grúas disponível. Nosso carro está agora baixo mais dois veículos, completamente siniestrado e abandonado", explicava Sabater.

Uma carta a Verti

Ante o desespero e desamparo, Sabater decidiu redigir uma carta formal a Verti o passado 6 de novembro, a qual reflete a frustración acumulada:. "Isto não se pode gerir de forma normal como se não tivesse passado nada. Isto é uma situação excepcional e deveriam o tratar como tal", escrevia, tentando apelar à humanidade e o entendimento da empresa.

A carta a Verti / X

Na misiva, o valenciano explicava detalhadamente a impossibilidade de cumprir com o requisito da seguradora para cancelar a póliza. "Nosso veículo está baixo dois carros e os desguaces próximos também estão inundados e fechados. Ademais, é o Consórcio o que deve o avaliar, e por desgraça há mais de 80.000 carros na mesma situação", expressava. Mas, até esse momento, Verti mantinha-se em sua postura: sem o certificado de baixa, não há cancelamento de póliza.

Verti e Mapfre rectificam e fazem uma "excepção"

O caso de José Sabater voltou-se viral nas redes sociais. Consumidor Global contactou com Mapfre, empresa matriz de Verti, para conhecer se existem protocolos alternativos de cancelamento em situações de força maior como esta, mas não recebeu resposta alguma. A negativa inicial por parte da seguradora não fazia mais que aumentar a impotencia de quem já têm perdido o suficiente. Após nove anos como cliente de Verti, com várias pólizas em vigor, Sabater confiava em sua seguradora, mas sua rejeição lhe levou o denunciar publicamente. "É muito triste esta situação, e mais sua atitude", lamentava o afectado em X.

Mensagens de Verti e de José Sabater em X / FOTOMONTAJE CG

No entanto, horas após o telefonema desesperado de Sabater, Verti anunciava em X que aceitava sua petição. "Sentimos as moléstias nestes momentos tão duros. Nossos colegas de Qualidade informam-nos que a incidência já tem sido solucionada. Mensagens como o teu nos ajudam a detectar problemas e incidências nos procedimentos habituais nestes momentos. Um forte abraço", assinalava a companhia num comunicado. E o próprio afectado o corroboraba mais tarde: "Muito obrigado a todos. Já está solucionado, após estar toda a manhã chamando e toreándonos, nos comunicam que farão a excepção e não cobrar-no-lo-ão. Muito cuidado a todo mundo com as seguradoras, faz favor, nunca sabes por onde te podem sair. É uma vergonha".