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Cresce a pobreza em Espanha: o 7,2% dos lares não pode cobrir suas despesas essenciais
Entre os factores que mais têm influído neste incremento destaca o papel da inflação
O nível de pobreza cresce em Espanha. Assim o comunicou o próprio Banco de Espanha em seu último relatório anual.
Trata-se de um incremento de 0,2 pontos percentuais na percentagem de lares que não teria podido cobrir sua despesa essencial entre finais de 2020 e finais de 2023, até se situar no 7,2%, um aumento que seria algo maior para as famílias de menores rendas. Entre os factores que mais têm influído no aumento destaca, sem lugar a dúvidas, a inflação. Mas também não fica atrás a subida das taxas de juro.
Dificuldade de acesso à moradia
A literatura académica aponta a que uns níveis de desigualdade demasiado elevados podem incidir negativamente não só no grau de coesão social, sina também na capacidade de crescimento da economia, através de seus efeitos adversos sobre o consumo agregado, o investimento, a acumulação de capital humano e as oportunidades de gerações futuras.
Nos últimos anos, num contexto de forte dinamismo do emprego, a desigualdade da renda tem diminuído de forma significativa em Espanha. Não obstante, observam-se algumas carteiras de vulnerabilidade em determinados colectivos, que estariam relacionadas, em grande parte, com dificuldades de acesso à moradia.
Um padrão similar
Em termos gerais, a maioria das dimensões de desigualdade têm seguido um padrão muito similar nos últimos anos, conquanto aumentaram de forma apreciable em 2020, com o estallido da crise sanitária, ainda que corrigiram-se intensamente à baixa desde então.
A isso teria contribuído, principalmente, o notável vigor que a actividade e o emprego têm mostrado em Espanha desde 2021. Neste sentido, os últimos dados da Encuesta de Condições de Vida (ECV) do INE apontam a que a desigualdade da renda em Espanha ter-se-ia situado já em 2022 em níveis muito similares, e inclusive inferiores, aos observados dantes do começo da crise financeira global.
Evolução da riqueza
Em qualquer caso, o relatório do Banco de Espanha aponta a que as dinâmicas que se registaram no mercado da moradia espanhol desde finais da primeira década do século XXI, tem aumentado sensivelmente a desigualdade da riqueza. De facto, a proporção de riqueza em mãos dos lares mais ricos tem aumentado nas duas últimas décadas.
Em particular, em 2002 o 43% da riqueza neta total da economia em mãos dos lares espanhóis concentrava-se no mais 10% rico da população, enquanto esta percentagem era de 54,3% em 2020. Em qualquer caso, este é uma percentagem significativamente mais reduzido que o observado em outros países. No contexto mundial, por exemplo, em 2021 o mais 10% rico possuía o 76% de toda a riqueza.
Riqueza por grupos de lares
Quando se analisa a composição da riqueza por grupos de lares, se detecta que, depois desta maior concentração e desigualdade da riqueza neta em Espanha, se encontra uma menor acumulação de riqueza imobiliária nos segmentos mais baixos da distribuição da riqueza.
Neste sentido, observa-se como desde 2011 a proporção de lares proprietários de sua moradia principal tem caído 10 pontos, um retrocesso bem mais acusado no caso dos lares mais jovens --de 33 pontos-- e no daqueles situados na cuartila inferior da distribuição da riqueza --de 20 pontos--.
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