O sector dos seguros e o dos serviços de reparo são ramos delicados, sobretudo pelos prazos estipulados, pela dificuldade de dar uma resposta rápida ao cliente e porque determinar o valor dos danos e a cobertura correspondente pode ser um processo subjetivo, especialmente em casos complexos. Em HomeServe sabem-no bem.
Esta empresa é uma companhia especializada em soluções para o cuidado e manutenção do lar que diz contar com uma rede a mais de 4.000 profissionais a nível nacional, atenção telefónica as 24 horas os 365 dias do ano e 1 ano de garantia em todos os reparos que realizam. "Nos avalan para perto de 1 milhão de clientes e 30 anos de experiência como experientes em reparos , instalações e avarias do lar", acrescentam.
Antigos clientes de Reparalia
A companhia fez-se com Reparalia no ano 2007, quando FCC, proprietária então, decidiu a vender. Muitos clientes passaram à carteira de HomeServe, e outros têm descoberto com surpresa que a companhia lhes passou cargos apesar de se ter descadastrado faz anos.
"Eu fui, faz muitos anos, cliente de Reparalia. Tive um contrato e em seu dia descadastrei-o. HomeServe absorveu a empresa… E faz um tempo começaram a passar-me cargos de 0 euros. 0 euros, 0 euros, 0 euros… Como não era nada, não lhe dei importância. Pensas que deve tratar de um erro, mas não. Depois passam a ser quantidades elevadas, próximas aos 60 euros mensais, e, como o nome que aparece é HomeServe Iberia, em verdadeiro momento achas que pode ser um problema relacionado com a aerolínea", conta a este meio Carmina Pérez.
Contrato renovado "pela cara"
"Tinham enviado todos meus dados pessoais do anterior contrato, e to renovavam com HomeServe pela cara. Está medido", considera esta consumidora.
São muitos os utentes que têm carregado contra a empresa em redes sociais e foros de valorações por motivos similares. Em Trustpilot, a maioria das opiniões sobre HomeServe são boas (isso sim, publicadas por convite da própria empresa, o que resulta um tanto tramposo), mas também se cuelan depoimentos muito críticos.
"Não se apresenta o técnico"
"Um pufo. Mudaram-nos de Redexis a HomeServe, sem mais. Após 10 meses de contrato, tenho tido que chamar eu para pedir cita (outros te citam eles). Se não chamo, passa no ano tal qual. Dão-me uma cita de 8 a 9 pára caldera, porque não pode ser a outra hora e NÃO se apresenta o técnico, nem me avisam. Chamo e dizem-me que tem tido um contratiempo, que me chamassem para uma nova cita. Já estão a demorar em deixar este contrato", aconselhava um assegurado decepcionado.
"Passam-me um recebo e não sê nem quem são. Por suposto que o devolvo", dizia outro, contundente. "Esta empresa cobrou-me um recebo sem tê-los contratado jamais. Como têm conseguido meu número de conta? Dedicam-se a defraudar? Ou sua maneira de cadastrar a um cliente com seu número de conta não pesquisa se se trata dessa pessoa?", perguntava-se um terceiro nas reseñas de Google.
Dificuldade para descadastrar
Em ocasiões, estas queixas têm chegado até a OCU, onde um sócio publicou uma reclamação explicando que se tinha descadastrado dos serviços de HomeServe "em reiteradas ocasiões", mas a empresa "segue passando à cobrança a cada verdadeira tempo facturar. Acabo de devolver duas cobranças em minha conta. Aviso-lhes por este meio de que vou interpor uma denúncia por tentativa reiterada de fraude", dizia.
Por sua vez, HomeServe defende em sua memória de 2023 que na empresa existe um processo de detecção, priorización, correcção das vulnerabilidades e validação das contramedidas instauradas "para dar resposta às ameaças continuamente cambiantes de nossa natureza tecnológica". E oferece-se um dado jugoso: "ao longo de 2023 interpuseram-se 2 denúncias de diferentes interessados ante a AEPD relativas a violação da privacidade do cliente, uma delas não foi admitida a trâmite por dito organismo e a outra estamos à espera de resolução por parte da AEPD (em 2022 se registaram 3 reclamações sobre dita matéria)".
Casos de filtragens ou perdas de dados
Isto é, que alguém, uma empresa ou particular, se cabreó com HomeServe por como tratou seus dados e se molestou no denunciar. Ademais, a memória também reconhece que em 2023 "se identificaram 3 casos de filtragens , roubos ou perdas de dados de clientes (2 em 2022), todos eles se classificaram como risco baixo (sem necessidade de comunicar à AEPD) ao afectar ao todo a 7 clientes e não ser informação sensível".
Pode que, ainda que o número pareça ínfimo, esses clientes estejam a viver hoje um pesadelo… ao comprovar como outra empresa lhes cadastrou sem seu conhecimento. Consumidor Global tem contactado com a companhia para perguntar por estas supostas irregularidades mas, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.