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Osteoporose: estes são tratamentos mais inovadores para melhorar a saúde dos ossos

Falámos com o especialista em reumatologia Cayetano Alegre de Miquel sobre esta doença que enfraquece os ossos, tornando-os frágeis e mais propensos a fracturas.

Ana Carrasco González

Placa partida devido a osteoporose, uma doença que enfraquece a saúde dos ossos / EP

A osteoporose é uma doença óssea que debilita os ossos, tornando-os frágeis e mais propensos a fracturas. Assim o define o doutor Cayetano Alegre de Miquel –especialista em Reumatología do Hospital Universitari Dexeus (Quirón Saúde)–, que aponta que este conceito mudou desde que se tornou disponível a densitometria, um exame para determinar a densidade mineral óssea. "Anteriormente falávamos de osteoporose quando havia uma fractura sem traumatismo ou um trauma de baixo grau", diz.

"A densitometria permitiu-nos medir a densidade óssea e indica que existe risco de fratura quando a densidade é inferior a 40% do osso saudável (-2,5 desvios-padrão)", explica. "É muito importante fazer o diagnóstico antes de ocorrer uma fratura, sobretudo se já tiver sofrido uma, pois a possibilidade de sofrer fracturas subsequentes é maior", sublinha. 

Quais são as causas?

Para Alegre de Miquel, a principal causa da osteoporose é a pós-menopausa. "Nesta fase, perdem-se os estrogénios, que são os que mantêm a saúde dos ossos nas mulheres", defende o médico. "A segunda causa é a osteoporose senil, que afecta tanto homens como mulheres", continua.

Uma radiografía de um pulso PEXELS

"A terceira seria a chamada osteoporose secundária a outras doenças endócrinas, hepáticas, renais, auto-imunes, articulares, etc. Sem esquecer certos hábitos como o sedentarismo, o tabagismo, o álcool, os tratamentos com corticóides e uma longa lista que deve ser explorada em cada caso", sublinha o especialista na matéria.

Quais são os sintomas?

Há que ter em conta que a osteoporoe é uma doença silenciosa, ou seja, não dói e não se manifesta de outra forma que não seja a fratura. "Mas, dependendo da localização da fratura, pode ser incapacitante, daí a importância do diagnóstico precoce e do tratamento preventivo", alerta o especialista em reumatologia.

"No caso da osteoporose senil, os sintomas podem ser a perda de altura, um aumento da curvatura das costas que produz cifose e, se esta for muito acentuada, pode criar dificuldades ao andar", explica Alegre de Miquel. "As fracturas mais comuns são as do pulso (fratura de Colles), das vértebras e do colo do fémur", especifica.

É mais importante o tratamento não farmacológico

Curiosamente, para o doutor consultado, são mais importantes os tratamentos não farmacológicos que os farmacológicos. "Os não farmacológicos começam com uma alimentação saudável, rica em produtos com cálcio, como os lacticínios, e com vitamina D como o peixe azul –alega Alegre de Miquel–. "É importante o treinamento físico sem saltos, bem como os exercícios posturais e certos desempenhos para manter e potenciar a estabilidade".

Uma radiografía / PEXELS

Por outro lado, no domínio do tratamento farmacológico, este dependerá da etiologia da osteoporose. "Por exemplo, se se tratar de hiperparatiroidismo, teremos de controlar a função desta hormona", explica o especialista. De referir que os medicamentos para esta patologia se dividem em dois grupos: os que inibem a reabsorção óssea e os que estimulam a formação óssea. 

Quais são esses tratamentos farmacológicos?

Concretamente, os tratamentos farmacológicos atualmente utilizados, dentro do grupo dos anti-reabsortivos (que retardam a perda óssea), são os chamados bifosfonatos. Por outro lado, como medicamento anabolizante (que forma osso), existe o Teriparatide, que é semelhante à hormona paratiroide e está especialmente indicado quando existe uma fratura vertebral recente. Este último é administrado sob a forma de uma injeção subcutânea diária durante dois anos e é geralmente seguido por um medicamento anti-reabsortivo durante os dois anos seguintes.

"Entre os tratamentos mais inovadores para melhorar a saúde óssea está uma terapia biológica que retarda radicalmente a desmineralização óssea e é de fácil aplicação, como o Denosumab", diz o especialista. Trata-se de um anticorpo monoclonal humano que inibe a ativação da reabsorção óssea. "É muito eficaz, mas temos problemas quando decidimos parar o tratamento porque pode provocar fracturas patológicas inesperadas", reconhece. 

Mas, qual é o tratamento mais inovador?

"O mais inovador no tratamento da osteoporose é o Romosozumab, reservado para casos graves com fracturas múltiplas", destaca Alegre Miquel. É um anticorpo monoclonal humanizado (IgG2) que se une a uma proteína, a esclerostina, o que aumenta a formação de osso.

Um médico consulta uma radiografía / PEXELS

Este tipo de tratamento consiste em duas injecções subcutâneas por mês durante um ano e, no final, deve ser seguido de um tratamento anti-reabsortivo. "No entanto, deve ser evitado em pessoas que já tiveram ou têm riscos cardiovasculares", alerta o médico. 

Como é que a osteoporose afecta a qualidade de vida dos doentes

Para compreender como afecta a osteoporose a qualidade de vida deve-se ter em conta quando foi diagnosticada a doença. "Se a osteoporose for detectada e prevenida antes da ocorrência da fratura, não deverá afetar a qualidade de vida", diz o especialista. Desta forma, a qualidade de vida do doente estará relacionada com a existência ou não de fracturas

"O tipo de fratura vai depender das limitações, da dor provocada pelo movimento e da incapacidade que advém da perda de independência", sublinha o Dr. Cayetano Alegre de Miquel. "O medo de cair limita as actividades físicas e de lazer do paciente, por isso insisto que devemos prevenir a osteoporose o mais cedo possível e seguir o controlo ou tratamento ao longo da vida", conclui.