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A OMS declara a emergência sanitária internacional pelo brote de mpox em África

A Organização Mundial da Saúde decreta seu nível de alerta mais alto pelo brote de mpox, anteriormente conhecido como viruela do macaco, surgido em República Democrática do Congo e causado por uma nova cepa mais grave e letal

Teo Camino

El director general de la Organización Mundial de la Salud (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus Carsten Koall DPA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem decretado a emergência de saúde pública de preocupação internacional, seu nível de alerta mais alto, pelo brote de mpox --anteriormente conhecido como viruela do macaco-- em África, surgido em República Democrática do Congo (RDC) e causado por uma nova cepa mais grave e letal.

Assim o decidiu a OMS após analisar a situação nesta quarta-feira junta com 16 experientes do Comité de Emergência. "Hoje, o comité de emergência confirmou-me e avisou-me que, em sua opinião, a situação constitui uma emergência pública de preocupação internacional. Tenho aceitado esse conselho", tem assinalado o director geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na roda de imprensa posterior à reunião.

A detecção e a ampliação rápida de um novo clima de Mpox na RDC ocidental, sua detecção em países vizinhos que não tinham previamente reportado Mpox e o potencial de uma ampliação mais ampla em África e para além, é muito preocupante", tem acrescentado, recordando que "está claro" que uma resposta internacional coordenada é "essencial para deter estes brotes e salvar vidas".

O número de casos no que vai de ano tem superado o total do ano passado, com mais de 14.000 diagnósticos e 524 mortes, segundo tem posto de manifesto durante a reunião o director geral da OMS, Tedros Ghebreyesus Adhanom. O encontro, que estava previsto às 12.00 horas, se alongou durante mais de cinco horas.

Tedros tem recordado que a OMS está a trabalhar com os países afectados e outros em risco, assim se esta proporcionando provas para confirmar casos de mpox e apoiando aos laboratórios para secuenciar mostras virales. "Estamos a trabalhar no terreno, apoiando a investigação de casos e de contactos; ademais, estamos a apoiar aos países para aceder às vacinas e desenvolver as estratégias para desenvolvê-las", tem acrescentado.

A Organização Mundial da Saúde tem elaborado um plano de resposta regional para fazer frente ao rebrote de mpox em África que requer de 15 milhões de dólares iniciais (13,6 milhões de euros) para apoiar as actividades de vigilância, preparação e resposta. Assim o expressou Tedros quem tem adiantado que já têm libertado 1,45 milhões de dólares (1,31 milhões de euros) do Fundo de Contingencia da OMS para Emergências, e têm previsto libertar mais nos próximos dias. O resto esperam financiá-lo através dos doadores.

Nesta terça-feira, o Centro para o Controle de Doenças de África já tinha decretado a emergência sanitária continental pela doença. O aparecimento durante 2023 da nova variante na RDC e sua rápida propagação, principalmente através de transmissão sexual, e sua detecção em países vizinhos da RDC, é "especialmente preocupante" para a OMS. No último mês, notificaram-se uns 90 casos da nova cepa em quatro países vizinhos da RDC que não tinham notificado mpox anteriormente: Burundi, Kenia, Ruanda e Uganda.

A VIRULENCIA E UMA RESPOSTA RÁPIDA, CHAVES NA DECLARAÇÃO

O Comité de Emergência tem decidido decretar a emergência, segundo têm explicado na roda de imprensa, devido à maior virulencia da nova cepa de mpox, que se tem visto que afecta especialmente a meninos, meninos vulneráveis e mulheres grávidas também e o número de mortes tem sido reportado é significativo; em segundo lugar se esta vendo que a transmissão se estende por África desde o Oeste, até África do Sur.

Ademais, têm analisado um segundo critério para declarar uma emergência de saúde pública de interesse internacional, é a situação de saúde pública e que a nova cepa que é sexualmente transmisible se distribuiu a outros países africanos. E dantes de agora, estes países africanos nunca têm reportado um sozinho caso de mpox, incluindo Uganda, Rwanda, Burundi, Kenia.

"Reportaram-se novos casos de mpox e o terramoto em Burundi, por exemplo, é muito preocupante porque da dispersão geográfica de um número de casos reportados ali. De modo que achamos que já é um risco. E, por suposto, também há a possibilidade de que se possa distribuir para além de África a outras regiões do mundo", têm assinalado o presidente do Comité de Emergência, para resumir as considerações do Comité, o professor Dimie Ogoina.

Outro dos motivos tem sido a necessidade de "uma resposta coordenada internacional". Evidentemente, o que temos agora é a possibilidade e o desafio, se requer uma resposta coordenada, não só em África, sina também a nível mundial, para que, colectivamente, todas as partes envolvidas possam trabalhar para melhorar a supervisão, o diagnóstico e outras respostas de saúde pública necessárias".

Ogoina tem recordado que há que melhorar o entendimento do mpox já que só assim poder-se-á desenvolver estratégias preventivas, uma resposta pública, e a utilização das condições médicas. "Também é importantíssimo o desenvolvimento de intervenções objectivas", que, em sua opinião, atacassem o problema segundo o contexto no que se enfrentam os problemas em específicos países africanos.

NÃO HÁ VACINAS SUFICIENTES

A OMS recomenda duas vacinas contra o mpox, que também têm sido aprovadas pelas autoridades nacionais de regulamentação incluídas na lista da OMS, bem como por países concretos como Nigéria e a RDC. Assim mesmo, na semana passada pôs em marcha o processo para a inclusão das vacinas mpox na Lista de Uso de Emergência, o que acelerará o acesso às vacinas para os países de rendimentos mais baixos que ainda não têm emitido sua própria aprovação regulamentar nacional.

A Lista de Uso de Emergência também permite a sócios como Gavi e UNICEF adquirir vacinas para sua distribuição. Neste sentido, a OMS insta aos Estados Membros e aos fabricantes de vacinas que colaborem com doações de vacinas. Tedros também tem chamado a facilitar o acesso equitativo a diagnósticos, vacinas, fornecimentos para a atenção clínica e outras ferramentas.

Durante a roda desta quarta-feira, têm recordado o problema do acesso às vacinas em África, ademais, "inclusive quando há recursos disponíveis, em algumas situações, talvez a soma global das vacinas não seja suficiente para atender as necessidades de África". Neste sentido, recordou-se que o objectivo é ampliar a produção de vacinas adicionais que abordariam este "desafio", assim mesmo se trabalha num "esquema de doação para entender onde usar melhor as reserva, "e onde poder usar esta limitada acessibilidade da vacina doada para ter o maior benefício possível".

Com respeito à transmissão, Maria Vão Kerkhove, chefa da Unidade de Doenças Emergentes e Zoonoses da OMS, têm assinalado que há múltiplos modos de transmissão que é "necessario entender melhor", ainda que o contacto sexual segue sendo o maior modo de transmissão e, por tanto, "é onde precisamos ter intervenções objectivas, maior supervisão, maior controle dos contactos, maior comunicação de risco, comunicação com as comunidades afectadas, para que possamos limitar essa transmissão".

"Precisamos entender não só a transmissão, senão também a história natural. Precisamos ver os padrões de doença. Precisamos uma colecção de dados padronizada sobre os pacientes que estão infectados com Mpox para que possamos entender melhor o curso da doença, a severidad, e o tipo de doença", têm acrescentado, recordando que o importante é se assegurar que utilizam terapêuticas actualizadas baseadas na evidência.

Em 2022, já se declarou uma emergência sanitária mundial por um brote de mpox, uma doença endémica de África que se tinha propagado a dezenas de países. Quanto a Europa, faz menos de um mês, no final de julho, o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Doenças considerou o risco de que esta nova cepa chegasse a Europa como "muito baixo".