Faz só dois meses, centenas de pessoas se viram afectadas pelo fechamento de todas as clínicas da rede de Centros Ideal. A companhia jogou a persiana por surpresa deixando muitos tratamentos de depilación e medicina estética sem finalizar. Alguns pagos ao contado e outros financiados.
Centros Único, uma companhia da concorrência, atravessa agora uma situação similar. Se for o caso, um ERE que tem acabado com 274 postos de trabalho e que tem afectado a 39 centros da rede tem levado a que muitos clientes se tenham encontrado com a porta de sua clínica fechada.
Centros Único fecha clínicas por surpresa
Em alguns casos, os utentes com tratamentos pendentes têm sido redirigidos a outros centros, mas muitos outros, só se encontraram com desculpas e mensagens incertas sobre se recuperarão seu dinheiro ou não. É o que tem ocorrido com alguns centros franquiciados que têm deixado de pertencer à rede, como os que tinha no Shopping A Loma de Jaén , em Tarragona e em Vilanova i a Geltrú (Barcelona).
Álvaro Grutas tinha contratado um serviço de depilación laser de 12 sessões por 1.000 euros nesta clínica jiennense. Faz uns dias recebeu um correio electrónico no que informavam do fechamento repentino do centro por "circunstâncias fora de nosso controle".
Tratamentos de 1.000 euros sem terminar
"Eu o tenía financiado mensalmente, pagando uns 50 euros ao mês, dos quais tinha abonado já praticamente 500 euros", explica Grutas a Consumidor Global. Se for o caso só completou três sessões, pelo que lhe ficam ainda nove por realizar.
Este jovem denuncia que as soluções "são poucas" e que, ademais, a empresa já tem dito que os pagamentos anteriores ao 1 de novembro de 2023 não se vão realizar porque era outra empresa a que geria o franquiciado. Grutas leva pagando mês a mês desde maio de 2023.
Reclamações complicadas e incerteza
"Não sê que ocorrerá agora. Estou em contacto com a financeira a cargo meu e que leva a cabo o financiamento, mas como o intermediário tem desaparecido está a ser complicado", lamenta este cliente, que assegura se sentir "defraudado".
"Há muitas maneiras de fazer as coisas e levaram-no a cabo da pior forma possível", acusa. "Eles seguiam dando citas como se todo fosse bem e, sem avisar, fecharam, nos deixando a muita gente sem possibilidade de reacção nem reclamação", acrescenta Grutas. Este jovem diz que o que mais lhe preocupa é não ter nenhuma dívida com a financeira nem que se lhe considere "moroso" porque não vai pagar por um serviço que não se lhe tem oferecido ao completo. "Não peço que me devolvam o dinheiro que tenho pago a mais, simplesmente não ter que seguir abonando quotas mensais por um serviço que não está a ser prestado", enfatiza o cliente.
A clínica acusa à rede central de desentenderse
Consumidor Global pôs-se em contacto com este franquiciado em Jaén. Os encarregados contam que se viram obrigados a fechar por ter que assumir uma série de obrigações que a anterior empresa não lhes tinha informado de forma veraz, além de não ter recebido os rendimentos esperados.
Por outro lado, também carregam contra a "postura inflexível" de Franquiciador Centros Único, que "longe de dar facilidades ante a situação originada pelo anterior titular da franquia, se mostrou muito exigente pelo cumprimento dos pagamentos comprometidos". Denunciam que por "um simples atraso" no pagamento da quota mensal se lhes cancelou o acesso à activação das máquinas.
A postura de Centros Único
"É por isso pelo que os utentes não puderam ser avisados com antecipação, nos desactivaram as máquinas de um dia para outro", expõem desde o franquiciado. Ademais, defendem que não podem se fazer cargo dos serviços contratados dantes do 1 de novembro de 2023 porque o geria outra empresa e denunciam que Centros Único Central tem transmitido seu "desentendimiento e seu não compromisso por mediar a situação".
Por sua vez, desde a companhia respondem a esta redacção que quando se produziu um fechamento de um franquiciado "desde a marca se tentou procurar com eles a melhor solução possível para seus clientes e ajudar na medida de nossas possibilidades".
Ter que deslocar a outra cidade
Sobre os fechamentos de clínicas próprios, Centros Único assegura que os clientes podem continuar com seus tratamentos em centros próximos, bem da marca ou em estabelecimentos operados por outras marcas. No entanto, esta medida não contenta a todos os clientes.
Juan Carlos Díaz topou-se com o fechamento de seu centro em Duas Irmãs, Sevilla, e derivaram-lhe a um centro da capital andaluza. "Avisam-me por SMS que me alteram para Sevilla. Não me convém este destino e me ficam sete sessões que já estão pagas", critica.
Como reclamar
O advogado de Legálitas Gerardo Ruiz recorda aos utentes que podem reclamar ante estes fechamentos, incluídos os casos nos que se redirige aos clientes a outros centros. "Se há um tratamento que se pagou e não se vai receber, por suposto há direito a rescindir do contrato e o reclamar à financeira justificando e demonstrando que não se está a dar o serviço", aponta Ruiz.
No caso de não estar conformes com a derivação a outra clínica fora da cidade, "o consumidor também pode pedir a resolução do contrato e teria protecção jurídica", assinala, mas adverte de que teria que revisar caso por caso e se realmente existe agravio. "Se a empresa não nos responde há que ir aos escritórios municipais de consumo com toda a documentação para que o organismo medeie e desenvolva a reclamação", conclui o jurista.