A cada vez são mais os consumidores espanhóis que tomam complementos. Segundo os dados que maneja a Associação Espanhola de Complementos Alimentares (Afepadi), os números do sector têm engordado significativamente nos últimos anos: se em 2019 registava uma facturação de 1.700 milhões de euros, em 2023 já eram mais de 2.000 milhões.
Entre os mais consumidos figuram os suplementos vitamínicos, tal e como explica o Dr. Sergio Galego, endocrinólogo do Hospital Universitário Quirónsalud Madri, a Consumidor Global. Agora bem, isso não significa que em todos os casos sejam imprescindíveis: "As vitaminas obtêm-se de fontes muito variáveis. Daí a dificuldade para desenvolver um déficit com uma alimentação ocidental apesar inclusive de certas restrições ou déficits de qualidade dos alimentos", explica este experiente.
Quantidades suficientes com uma dieta média
"As necessidades de todos os nutrientes vão variando com o tempo e o tamanho corporal. Felizmente, hoje em dia, em nosso meio, uma dieta média contém quantidades suficientes de praticamente todas as vitaminas para qualquer momento da vida num indivíduo são", prossegue o Dr. Galego.
No que diz respeito ao diagnóstico, é recomendável evitar deixar-se levar por sensações ou por sintomas que não estejam contrastados. "Para diagnosticar uma deficiência de uma vitamina, mineral ou micronutriente é suficiente com realizar uma análise de sangue. Nesta prova sairão todos os valores que indicarão como se encontra o paciente e se há micronutrientes que estejam por embaixo do normal", explica o Dr. Esteban Jódar, chefe do Serviço de Endocrinología do Hospital Universitário Quirónsalud Madri.
Vitamina D
Uma das excepções ao anteriormente referido, expressa o Dr. Galego, seria a vitamina D em neonatos, "que se suplementa de forma sistémica para assegurar uns níveis adequados desde as primeiras fases do desenvolvimento esquelético", descreve.
"Estudos recentes sugerem que, em população idosa, conquanto não parece necessária a suplementación generalizada, sim pode ser beneficioso monitorar e tratar pequenos déficits que não parecem ter repercussão em população mais jovem", revela este experiente.
Ácido fólico
O outro caso de suplementación vitamínica protocolizada em indivíduos sãos "é o ácido fólico durante a gestación, para assegurar a chegada deste nutriente em suficientes quantidades ao feto, o que previne complicações de tipo neurológico", especifica o Dr. Galego.
Quanto às deficiências que "podem ser algo mais comuns", o Dr. Galego recorda que a vitamina B12 é quase exclusiva de alimentos de origem animal, o que implica que as pessoas que seguem dietas vegetarianas ou veganas podem ter um maior risco de experimentar carências deste micronutriente. "Associa-lha especialmente à carne, mas também podemos encontrar nos lacticínios", detalha.
Onde encontrar as vitaminas
Neste contexto, o mais relevante é conhecer que contribui cada alimento e o incorporar em maior ou menor medida à dieta em função das necessidades individuais. Assim, este endocrinólogo especifica que a tiamina (B1) se encontra em leguminosas, cereais integrais e carnes de porco e vaca; a riboflavina (B2) está presente a lacticínios, carne, pescado, ovo e espinacas; a piridoxina (B6) também aparece em legumes, frutos secos, salvado de trigo e carne; e o ácido fólico (B9) em verduras de folha verde, ovos e hígado.
Por sua vez, o ácido ascórbico (C) está presente a cítricos e outras frutas e verduras; o retinol (A) em hígado, pescado, ovos, cenouras e espinacas; e a vitamina K em verduras de folha verde, margarinas e hígado, lista o endocrinólogo.
Vitamina D
Quiçá a vitamina D seja da que mais se fala quando se mencionam estas questões. Prova disso é o eco que teve um estudo publicado na revista Nature que assinalava que o 75% dos espanhóis tinha deficiência de Vitamina D. Isso não implica, não obstante, que todos precisem um reforço em forma de suplemento.
"A vitamina D (calciferol) tem uma característica especial, que consiste em que pode ser sintetizada na pele ante o contacto da radiação ultravioleta com um derivado do colesterol. Esta é a principal fonte de obtenção de dita vitamina, mas se encontra também em quantidades importantes no pescado azul", desvela o Dr. Galego.
Impacto em pacientes sãos
Uma vez aclarados estes aspectos, o endocrinólogo do Hospital Universiatrio Quirónsalud Madri reconhece que existe muita controvérsia quanto ao impacto dos suplementos polivitamínicos em pacientes sãos para melhorar o estado físico ou sintomas difusos como o cansaço.
"Medicamente, não se conseguiu demonstrar que o os administrar a população sã melhore nenhum parâmetro de saúde. Na prática médica, os pacientes, ocasionalmente, podem referir melhorias relativas de seu estado físico, mas é difícil quantificar a parte desta que atribuible ao suplemento ou ao conhecido "efeito placebo". Em qualquer caso, para sua distribuição e venda, estes suplementos sim que devem ter superado o teste estabelecidos pelas agências regulamentares", arguye.
Reacções adversas
Por esta razão, ainda que não se possa assegurar sua efectividade, o Dr. Galego sim acha que podem considerar-se seguros enquanto tomem-se na dose recomendada por sua prospecto ou por um farmacêutico. Por sua vez, a Dra. Maria Luisa de Mingo, endocrinóloga do Hospital Universitário A Luz, afirma que se presume que a maioria das vitaminas e minerales básicos são seguros nas doses recomendadas, mas as reacções adversas aos suplementos "são possíveis".
"Em Estados Unidos estima-se que 23.000 visitas a urgências cada ano estão associadas com a tomada de suplementos nutricionais. Estes casos com frequência estão relacionados com ingredientes tóxicos presentes em alguns suplementos como metais pesados, esteroides e substâncias estimulantes", adverte.
Reacções adversas
As reacções adversas também podem ocorrer, detalha a Dra. de Mingo, devido a uma sobredosis de um determinado ingrediente ou porque os meninos tomem acidentalmente o suplemento. "Sempre deve informar a seu médico se está a tomar algum suplemento nutricional ou está a pensar em tomar algum", sublinha.
A julgamento desta experiente, na maior parte dos países não existe uma regulação eficaz que regulamente o consumo deste tipo de produtos, já que não se consideram medicamentos. Esta situação motiva que os suplementos nutricionais e as vitaminas se suponham seguros sem nenhuma prova. "Não se realizam ensaios clínicos, pelo que além de desconhecer na maioria dos casos sua segurança também não se conhece sua eficácia", adverte.
Deficiências mais comuns
Por último, o Dr. Jódar assinala que "existe uma corrente de opinião que associa a ingestão de alguns suplementos vitamínicos à redução de cancro". Um meta-análise do uso de vitaminas e suplementos minerales para prevenir cancro e doença cardio-vascular em adultos sãos.
"Os resultados mostram que em pessoas bem nutridas sem déficit alimentares, os multi-vitamínicos sozinho poderiam ter um muito modesto efeito (redução de 6% do risco de cancro) em varões -e não em mulheres- quanto se tomam durante mais de 10 anos. Não obstante, na maioria de publicações nos que se estudaram alguma vitamina ou suplemento como o selenio ou o calcio, dão resultados escassos e pouco consistentes. Nem a vitamina E nem o beta-caroteno previnem doença cardio-vascular ou cancro, de facto, o beta caroteno em fumadores aumentam o risco de cancro", aclara.