Basta pronunciar a palavra Glovo e as críticas vêm à tona. Multas por incumprir a lei rider, no mês de teste grátis com armadilha ou as taxas noturnas que cobra aos clientes e da qual só vêem uns céntimos os seus trabalhadores. Está claro que a empresa não é propriamente exemplar para os utilizadores.
Mas a última das polémicas geradas gira em torno da sua rapacidade. A história de Bea C., é provavelmente uma situação que muitos utilizadores têm de enfrentar quando encomendam à Glovo.
Um erro no pedido
Estás em casa, de noite e não te apetece preparar o jantar. Que pensas? "Vou pedir na Glovo". Isto foi o que fez Bea C. há apenas uns dias. E a experiência não podia ser pior.
Segundo conta à Consumidor Global, a afectada decidiu provar os hambúrgueres do restaurante de Barcelona BYKYNY. A hambúrguer escolhida foi a Mal pensada e mau acabou a experiência… O estabelecimento cometeu uma falha: não pôs o molho de trufas, que é um elemento diferencial nesse produto. Mas esse não foi o problema de Bea C. Afinal, qualquer um pode errar. A piada foi com a empresa.
Glovo e a sua rapacidade
Quando Bea C. recebeu a comida percebeu que faltava o molho. Falou com a Glovo para reclamá-lo e este lhe deu duas opções: devolver-lhe 1,50 euros em crédito para a app ou 4 euros na conta bancária da afectada.
A cliente escolheu a segunda opção mas não se conformou. "Um agente telefonou-me e perguntei-lhe em que se baseava para me devolver quatro euros de uma encomenda de quase 40 euros", explicou a cliente a este meio.
"Os quatro euros como norma"
A justificativa que oferece Glovo a Bea C. é que esses quatro euros é o que o sistema estipula que custa o molho. "Mentira! Sempre que há algo que a Glovo ou o restaurante faz mal, devolvem-te os quatro euros como norma", detalha a afetada.
Por isso, decidiu pedir à aplicação uma discriminação do custo de todos os ingredientes e a aplicação não a tinha. Nessa altura, "disse [ao agente] que não queria o hambúrguer", confessa a cliente. "Pedi uma coisa e trouxeram-me outra", conta.
Um atendimento deficiente
Quando não conseguiu chegar a um acordo com o agente da Glovo, Bea C. pediu para falar com um superior. É aqui que começa a segunda odisseia. Porquê? Porque a plataforma diz à afectada que lhe vão ligar e esse telefonema nunca se produz.
Alejandro Sanchis, advogado e sócio da AMG Legal, explica a este meio que a Glovo não tem poder para mudar o pedido inicial. Isto é, "se eu peço um hambúrger, não serve que Glovo traga uma tampa que custou o mesmo", acrescenta o jurista.
Reclamação dupla
A Glovo reembolsou quatro euros a Bea C. Mas, claro, sobre um pedido de 40 euros é uma quantidade insignificante. "Como não te posso dar o molho, dou-te o dinheiro… ainda que em princípio não pode o fazer", explica o perito referindo-se à atitude da empresa.
"Neste caso, há uma responsabilidade solidária de ambas as partes. Deve haver mais protecção ao consumidor. A utilizadora poderia reclamá-lo tanto a Glovo como ao restaurante", conclui.
O silêncio como resposta
A Consumidor Global pôs-se em contacto com a Glovo para esclarecer o ocorrido. A empresa, por enquanto, dá o silêncio por resposta. O lógico, ou o que se espera quando se encomenda comida, é que a plataforma resolva o erro de forma prática. Sem ter de perder tempo a escrever numa sala de chat ou a discutir com um agente.
O mais razoável teria sido que a Glovo enviasse gratuitamente o molho a Bea C. e pedisse desculpa pelo incómodo causado. Os quatro euros de nada serviram a Bea C., que pagou por um hambúrguer que não recebeu e a Glovo indemnizou-a com um montante irrisório.