Loading...

Provo com deleite os exclusivos donuts recheados de rabo de boi ou de gambas de Palamós

O cocinero catalão Óscar Ferré abre as portas das cozinhas de Cirqlo, uma pequena loja no epicentro da cidade condal que aposta por um produto "único"

Ana Carrasco González

Alimentaria 2024

O que atañe a uma cozinha nada tem que ver com o rígido e estrito. Entre fogones e microondas jogam magos sem chisteras e com delantales a criar novos truques de degustación. Conquanto há platos que seria uma aberración lhe mudar uma exigua linha da receita, há outros que têm tanta possibilidade de manobra que fazem enloquecer. Quem diz que um donut está destinado só a endulzar os paladares.

Isso é o que pensou Óscar Ferré, quem foi chef num restaurante de alta cozinha onde oferecia um experimento que fazia que qualquer que o provasse ficasse prendado. Depois de várias palmaditas nas costas, suas mais allegados alentaram-lhe a abrir um espaço exclusivo para este diferente manjar. "Assim foi como surgiu Cirqlo, um local onde vendemos donuts salgados recheados de rabo de boi, de gambas de Palamós ou de calamar em sua tinta", proclama Ferré. Pode que ao o ler alguém faça uma careta de repugnancia, mas eu o provei e… Te sigo contando.

Provo o primeiro donut, o de rabo de boi

"Sempre há platos que gostam mais e outros que gostam menos, mas vimos que a todos gostavam deste", realça o cocinero catalão a Consumidor Global. Em seu antigo restaurante, tratava-se de uma espécie de mollete com uma massa parecida à rosquilla, mas salgada. Agora, na pequena loja situada numa das grandes veias de Barcelona, a rua Aribau, se lhe acrescentou o círculo que o converteu em donut. Visualmente engana até que se lhe faz uma incisión quirúrgica e se descobrem as entranhas.

Cirqloo / SIMÓN SÁNCHEZ

Primeiro provo o original e o mais popular de Cirqlo, o de rabo de boi. Abro-o ao meio sem desmenuzar, e a sabrosa carne se desborda de seu interior. Já começo a salivar, mas dantes devo de acrescentar seu molho, já que o produto se guarnece com uma redução do guiso com vinho tinto. Uma vez jogada, apanho um pedaço com meus dedos e dou-lhe o primeiro bocado. A massa que o envolve é similar à do donut mas sem um toque doce, o rabo de boi se desfaz no paladar. O condimento fá-lo irresistible. Estou preparada para o seguinte plato.

O de gambas de Palamós

"Depois da notoriedad do de rabo de boi, que é o que fazíamos no restaurante, nos pusemos mãos à obra para fazer mais variedade. Então criámos dois donuts de mar, isto é, um de gambas de Palamós e outro de calamar em sua tinta", explica Ferré. Leste, mais especificamente, chama-me a atenção e apresso-me a partí-lo para conhecer suas entresijos. Pedaços de faixas se entremezclan com uma redução do suco das cabeças com azafrán.

O donut de gambas de Palamós SIMÓN SÁNCHEZ (CG)

Uma invasão de sabor a marisco acapara toda minha boca. "Eu pelo uma por uma as fresquisimas gambas, é um dos donuts mais populares de Cirqlo", comenta o criador com orgulho depois de analisar minha cara de satisfação. O molho recorda ao caldo de uma paella marinera e potência o recheado deste donuts. Mas, não há dois sem três e Ferré já me prepara o seguinte produto: o de carrillera ibéria.

Carrillera ibéria

"Este é o de carrillera ibéria 100% bellota com sua redução, chocolate 75% e sementes de sésamo, para lhe dar um toque amargo e tal", previne o cocinero dantes de que possa hincarle o dente. Parto-o ao meio e o embadurno com seu correspondente molho.

 

Pinta-a é bastante apetecible de modo que sem duvidá-lo começo a devorá-lo. Esta delicatessen, cozinhada a fogo lento e sem pressas, converte-se num bocado meloso, jugoso e sabroso. O molho que o acompanha é um acerto. A massa que o envolve dá a aparência de um donut, mas o interior é uma tampa que representa a gastronomia espanhola, cuja preparação está meticulosamente estudada. De facto, Ferré demora três dias em fazer um destes donuts.

Três dias de preparação

Ademais, das três criações, em Cirqlo também se vendem outros sabores como o de calamar com um molho de tinta negra ou o de papada de porco, que vai acompanhado de um molho estilo curry. "Por enquanto temos estes sabores, mas vamos ir pondo alguns de edição limitada com produtos de temporada como as setas. Fazemos uma atirada de 100 de setas com trufa branca, por exemplo", avança o chef.

O encarregado de criar estes novos platos é Ferré, com ajuda de sua finque Samuel. "Eu demoro três dias nos fazer. Isto não é uma pizza que a metes no forno e já está. Ou uma hamburguesa. Aqui tens que cozinhar a carne a baixa temperatura, 18 horas, depois a reduzes… Tem um processo", expõe o cocinero, quem avisa que há uma limitação à hora de comprar. "Se não o dizes com o tempo, eu te preparo os donuts que queiras, mas há que ter em conta que os faço um por um", puntualiza.

O preço

As cajitas para take away vão desenhadas por cores, segundo o recheado. O de rabo de boi vai com a cor do vinho tinto, o papada com a cor do curry, o de carrillera com o tom do chocolate, o de gambas o vermelho e, por último, o de calamar em sua tinta, claro, é da cor negra. Todos têm seu processo laborioso, e o preço assim o reflete.

Entre um custo de 7,80 euros e 8,50 euros pode-se degustar um destes donuts salgados. No entanto, há uma redução de 7% se demanda-se um pack de duas unidades, um desconto de 9% se pedem-se três e até um menos 11% se solicita-se um pack familiar, isto é, cinco unidades. O verdadeiro, é que com um já te sentes cheio ou, ao menos, te tira a fome. No entanto, a qualidade do recheado faz-te querer provar ao menos duas alternativas.