0 comentários
Podem os supermercados saltar-se o preço recomendado dos alimentos?
Muitos produtos trazem impresso nas embalagens o custo ao que aconselha o fabricante os vender mas não sempre se respeita
Os preços recomendados estão muito presentes na indústria da alimentação. Não é estranho topar com as palavras "PVP recomendado" nos packaging dos produtos expostos nos lineares dos supermercados.
Filipinos e seus 1,40 euros são um clássico. Mas há muitos mais exemplos. Embutidos de Navidul, como a cana de lombo a 1,10 euros, os do Poço a um euro, as patatas Lay's a 1,75 euros ou os yogures clássicos de Danone cujo pack de quatro unidades também vêm marcados em sua etiqueta a 1 euro de "PVP máximo". A pergunta que cabe se fazer é se realmente os supermercados têm a obrigação de respeitar estes preços.
Que é um preço recomendado
Esta peça não se pode entender sem deixar claro que é um preço (PVP) recomendado. Trata-se do custo ao que o fabricante recomenda vender seu produto. É frequente que as correntes de supermercados respeitem estes custos mas não sempre sucede. Ademais, estas quantias costumam ser baixas, atraindo ao consumidor para essa marca concreta.
"O preço recomendado pode soar ante os consumidores como algo muito positivo. Mas afasta-nos da realidade em qualquer economia de mercado", explica Eduardo Irastorza, professor de marketing de OBS Business School. O experiente sustenta que o custo óptimo só se fixa quando a curva de oferta e demanda coincidem. Em caso contrário, "altera absolutamente tudo", sublinha.
Custos excluídos
Um PVP recomendado não inclui outros custos aos que tem que fazer frente o supermercado ou ponto de venda em questão. "No preço recomendado entram um montão de factores que determinam o preço final", sustenta o experiente.
Salários, poder adquisitivo, custo do aluguer onde está o supermercado, custo da vida do lugar no que se encontra ou o custo de distribuição até o ponto de venda são alguns desses factores que sublinha Irastorza. "Não é o mesmo vender umas magdalenas em Teruel que no bairro de Salamanca e ter um aluguer de um supermercado no centro de Madri é mais caro que ter num rincão de Bacia", recalca.
Há margem de manobra?
O preço recomendado é sozinho isso, uma recomendação. Por tanto, os supermercados têm via livre para encarecer esses produtos o que considerem. Explica-o Irastorza quem, ademais, sublinha que não existe um limite concreto ao sobrecoste. Também não há um regulamento unificado neste sentido.
"Espanha é um país muito curioso, onde numas comunidades autónomas podes encontrar produtos que estão subvencionados e em outras não", acrescenta o experiente. O que sim fica claro é que um preço recomendado por embaixo de sua produção deixa fora custos tão imprescindíveis como os fixos de uma empresa. "Se tens um produto com um PVP muito baixo, qualquer fabricante deixa de produzí-lo porque não compensa", conclui.
Uma estratégia de marketing
Assim, os supermercados não têm a obrigação de respeitar os PVP recomendados. No entanto, a maioria fazem-no. É por isso que as críticas não se fazem demorar assim que esses custos se incrementam.
A julgamento de Irastorza, o PVP recomendado não deixa de ser uma estratégia de marketing. "É uma mensagem como pode ser o dos produtos que são ecológicos ou sustentáveis, inclusivos… é um conceito mais", afirma. Por tanto, se um pack de Danone cujo preço recomendado é um euro vende-se a 1,02 céntimos, o supermercado em questão não está a infringir nenhuma norma. "No dia que mudem a palavra recomendado por preço exigido, então já as coisas mudarão", limpa o experiente.
Desbloquear para comentar