Dantes, quando os bollycaos iam por dentro até os topos de chocolate ou quando a napolitana se desbordaba ao primeiro mordisco. Hoje, os meninos que vão ao kiosco a merendar já não têm churretes do doce chocolate em suas caras como antanho. Como já informou Consumidor Global, a cada vez custa mais produzir cacau. Os dois países de África Ocidental que aglutinam aproximadamente o 60% da produção que se comercializa em todo mundo, Ghana e Costa do Marfim, estão açoitados pela mudança climática, o que tem provocado uma brutal subida do preço. Agora, se lhe suma outra razão para que tenha menos recheado: um vírus está a destruir os cultivos.
Um relatório recente da Universidade de Texas tem encendidou os alarmes na indústria do chocolate. O vírus do talho inflamado de cacau (CSSV, por suas siglas em inglês) –propagado pelas cochinillas que se alimentam das folhas, os brotes e as flores das árvores– está a devastar os cultivos de cacau em Ghana, um dos principais exportadores mundiais. As perdas estimam-se entre o 15% e o 50% das colheitas, o que equivale a mais de 254 milhões de árvores.
O impacto
A crise não só afecta à disponibilidade do chocolate sina que também tem um impacto económico e social significativo. Milhares de agricultores dependem do cultivo do cacau para seu sustento, e a diminuição da produção poderia levar a uma crise económica nas regiões afectadas.
Actualmente, está a trabalhar-se contrarreloj para encontrar soluções. Uma estratégia proposta é o uso de dados matemáticos para determinar a distância óptima entre as árvores vacunados e evitar assim a propagação do vírus pelas cochinillas. No entanto, as vacinas são caras e não todos os agricultores podem lhas permitir, o que complica ainda mais a situação.
O papel da mudança climática
A mudança climática também joga um papel nesta crise. As temperaturas mais altas e os padrões climáticos cambiantes podem fazer que as árvores de cacau sejam mais susceptíveis a doenças como o CSSVD. Os experientes advertem que se não se tomam medidas, o chocolate poderia converter num luxo raro para o ano 2050.
A ameaça do vírus ao fornecimento mundial de cacau é um lembrete da fragilidade de nossos sistemas agrícolas e a necessidade de soluções sustentáveis. Enquanto os cientistas procuram respostas, o mundo espera com a esperança de que o chocolate, um símbolo de alegria e consolo para muitos, possa ser salvo desta crise e não se encaminhe a um amargo desvincule.