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Fernando Zaldívar (Pescanova): "Não temos baixado preços, mas pomos mais produto"
O director comercial, de marketing e inovação do Grupo Nova Pescanova repassa as novidades apresentadas na feira Seafood 2024 e a actualidade do sector pesqueiro
O eslogan da última campanha do Ministério de Agricultura, Pesca e Alimentação diz assim: "Espanha é um país infinito em produtos do mar e receitas". Soa bem e pretende reconhecer o labor dos trabalhadores do sector e promover o consumo de pescado, mas o verdadeiro é que nos oceanos a cada vez há mais plásticos e menos peixes.
Neste complexo palco, entrevistamos a Fernando Zaldívar, o director comercial, de marketing e inovação de Grupo Nova Pescanova, a multinacional viguesa cujas vendas de produtos do mar ascendem até os 1.074 milhões de euros ao ano -mais que nenhuma outra em Espanha-.
--Como têm mudado os hábitos do consumidor de pescado?
--Vemos uma tendência muito clara do consumidor para todo o natural e saudável. Healthy and convenience é o principal. A geração Z quê-lo todo já e de uma maneira singela. A sustentabilidade também segue sendo algo muito relevante que faz parte de nossa estratégia. Somos a primeira pesqueira global em sustentabilidade e isso é algo que não sucede se não estás realmente comprometido. Nós vivemos do mar. Se não o cuidamos, nosso negócio teria um fim. É uma tendência mais desenvolvida nos países do norte de Europa, mas também aqui tem ganhado força.
--Que produtos tendes apresentado em Seafood 2024?
--As últimas inovações, como os langostinos que já vêm com molhos e estão prontos para comer. Convivem as tendências fácil de cozinhar e pronto para comer, mas nós estamos mais centrados na segunda. Nossos langostinos cocidos não precisas os cozinhar, simplesmente misturando com a massa ou o arroz já estão prontos. Ainda que se dás-lhes trinta segundos de sartén ficam muito ricos. Também vemos uma clara diminuição do número de pessoas no lar, por isso lançamos formatos convenientes: já não precisamos dois quilos de produto, sina algo que possa consumir uma pessoa num momento concreto.
--Qual é vosso produto mais vendido?
--Os langostinos, sem dúvida. Vendemos tanto em pescadería (produto cru, fresco) como produto refrigerado ou natural para consumir ao momento. E depois produto congelado.
--De onde vêm vossos langostinos?
--O langostino vem de nossas granjas de Nicarágua e Equador. Também da Índia. E depois temos os langostinos selvagens de Argentina , os que pescamos em Angola e os de Moçambique , que são langostinos premium.
--A nível espanhol, que outros produtos triunfam?
--A merluza também é uma categoria importantíssima, desde filetes e medallones até os lombos. É um pescado de sabor suave muito apreciado pelos que não são fish lovers e pelos meninos. Ademais, é de cocción singela. No entanto, neste momento há falta de pescado alvo devido à guerra de Ucrânia. Muito deste pescado vinha de Rússia e no norte já reduzem as quotas de pesca de bacalhau , sobretudo, e a demanda é crescente.
--Ficaremos sem bacalhau?
--Tarde ou cedo, o pescado alvo subirá de preço porque não há. O bacalhau a cada vez é mais caro no norte de Europa. Quando uma espécie traspassa uma barreira de preço significa que terá uma mudança de espécie ou de tipo de pescado. Vimo-lo com o salmón, que teve um incremento de preço brutal e afectou ao consumo. Não nos vamos ficar sem bacalhau porque já há iniciativas de acuicultura e isso permitir-nos-á manter a produção.
--O consumo de pescado em Espanha tem experimentado uma queda de quase o 30% durante a última década e o Ministério de Agricultura, Pesca e Alimentação faz campanhas para reactivá-lo, mas não parece disposto a baixar os impostos do pescado…
--Vamos seguir pedindo uma rebaja ou eliminação do IVA do pescado, sobretudo quando é um produto saudável. Preocupa-nos que a gente jovem coma mais saudável e o preço é uma das coisas que tem influído neste descenso. Produziu-se um salto a proteínas mais baratas. Temos que fazer que volte a ser divertido comer pescado.
--Como pode ser divertido comer pescado?
--Trabalhando em formatos mais atraentes, mais fáceis de cozinhar e de consumir. Hoje, a gente jovem tem uns hábitos de cozinha completamente novos e fazer bem um pescado não é tão singelo. Corresponde-nos lançar inovações que permitam consumir de uma maneira mais fácil e divertida para beneficiar de suas propriedades saudáveis. Em parte, o consumo de pescado também se deslocou fora do lar e em situações de crises ou estrechez económica as saídas de restauração diminuem.
--Quanto têm subido os preços de vossos produtos no último ano?
--No último ano, nossos produtos têm tido uma subida de 0%. Não temos subido preços. Temos parado a tendência inflacionista após dois anos muito duros. O langostino tem baixado e a merluza tem subido, mas, no cómputo global, não temos incrementado preços.
--A marca Findus, de Nomad Foods, anunciou recentemente que baixava o preço de seus produtos de pescado preparado para que 'o mar chegue à mesa de todos os espanhóis'... Nova Pescanova baixará seus preços?
--Nós, como empresa, não temos traspassado o incremento de custos aos preços porque isso estava a reduzir o consumo. Era uma barreira. Nós não prevemos fazer baixadas de preços, mas sim temos sacado formatos de poupança e fazemos promoções que abaratan o preço por quilo para reactivar o consumo. Não baixamos o preço, mas pomos mais produto, que é outra forma de baixar o preço. Vamos a contracorrente da reduflación.
--O sector pesqueiro denuncia uma e outra vez a concorrência desleal de terceiros países…
--Globalmente, há muita concorrência desleal. Em Europa enfrentamos-nos a uma regulação que o resto de países não têm. É uma regulação que tem seus custos associados. Por isso pedimos que seja uma exigência para com os terceiros. Pesca-a ilegal deve-se de perseguir de uma forma firme, porque ainda sucede, e é uma demanda sobre a que insistiremos.
--Em Espanha consome-se pescado procedente de pesca ilegal?
--Há produtos que vêm sem as certificações e garantias que nós sim temos.
--Os vascães asseguram que o sector pesqueiro está em "perigo de extinção", como o pulpo em Espanha…
--Não só passa no sector pesqueiro, também ocorre nos melhores mercados de Madri e Barcelona. Não encontram pescaderos. Temos um problema com essa renovação generacional. Falta formação e pôr em valor o emprego de pescadero.
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