A empresa familiar catalã Dehesa As Cimeiras selecciona as melhores peças de ganhado em fincas de alcornoques, quejigos e encinas, gere a matança e o despiece, e elabora mais de 195 referências de produtos ibérios que se vendem em média Europa, em algumas lojas especializadas espanholas e, sobretudo, nas charcuterías e talhos e na corrente de supermercados Ametller Origem.
"Entendemos o negócio desde o balcão. Levar a carne fresca é nosso valor acrescentado", expõe a este meio o responsável por vendas de Dehesa As Cimeiras Antonio Caballero, ao que entrevistamos para saber como se encontra o sector cárnico e como evoluirá o preço do presunto.
--Qual é o produto mais vendido de Dehesa As Cimeiras?
--A carne. Estamos especializados em ibérios, mas também gerimos a matança e o despiece, pelo que, se temos uma peça que se vende mais, temos um problema. Se vende-se muito segredo ibério, há que se esforçar para vender mais solomillo. Gerir o animal inteiro ajudou-nos à hora de crescer. Desde o momento do despiece obrigava-nos a procurar clientes para todas as peças e isso nos levou a fazer coisas diferentes.
--Como vos diferenciais da concorrência?
--Nossos deshuesados são únicos: estão bem moldados e recortados. O ser uma empresa jovem, o ser o último em chegar, obriga-nos a ser os melhores. Há empresas que levam um século e estão bem longe de conseguir o que estamos a fazer. A qualidade de nosso presunto de isca ibéria, emplatado e termosellado em atmosfera protegida e com o produto cortado a mão e sem necessidade de conservar-se em frio, é inigualable. É um plato único. Ao abrí-lo, a loncha fica separada e o produto tem o poro aberto, pelo que se desprende todo o aroma e podes consumir ao instante. Essa qualidade de plato e de embalado copiou-no-la uma empresa da concorrência faz uns meses, mas o nosso é único no mercado.
--Todo tem subido de preço… Vossos ibérios também?
--A tendência generalizada é ao alça. É verdadeiro que os pensos e cereais têm voltado aos preços preguerra de Ucrânia, mas tem tido uma redução de cabeças a nível europeu destinadas ao cárnico. Começa a faltar ganhado. Em Chinesa também tem caído a produção de porco enquanto aumenta a demanda. Faltam cabeças de porco.
--Em Espanha há mais de 30 milhões de porcos…
--Faz ao redor de um ano, entrou um novo regulamento europeu que faz que não possamos pôr um tipo de vacina aos porcos. Isto tem feito que o número de mortes posparto se tenha disparado. Temos perdido ao redor de 10% de cabeças no porcino.
--Então, subirá o preço do presunto?
--O presunto levava estancado três anos e agora se prevêem subidas de preço muito fortes nos próximos meses. Na paleta ibéria, por exemplo, esperam-se subidas em torno de um 15-20%. Já se produziram subidas nas linhas de isca e nas dos presuntos económicos de ao redor de 10%.
--O Poço e Navidul vendem embutidos a 1 euro…
--Tive a sorte de falar com O Poço em Alimentar . Seu mercado é outro. O Poço tem a qualidade que tem e está muito bem medida para o mercado que tem, mas são conceitos de negócio diferentes. Vendo o que eles fazem, meus clientes ou meu mercado não trabalharia com O Poço porque não se adequa a seus regulares de qualidade. Ademais, nossas capacidades de produção não poderiam cobrir suas necessidades de produção.
--Como se compete com estes gigantes?
--Nós estamos desenhados para trabalhos mais personalizados. Como pode competir uma empresa de ibérios com Seat? Não, não vendemos o mesmo. Não vejo o produto do Poço nos lineares de meus clientes. Eles não vão a uma charcuteria profissional nem a uma loja especializada. Nós somos bem mais tradicionais.
--O peixe gordo come-se ao pequeno?
--Durante os três últimos anos têm fechado muitas granjas pequenas. Muitíssimas. Não há ninguém detrás. Não há ninguém que siga a tradição, e o aumento dos custos de produção e a nova normativa européia não ajudam. Vínhamos de um mercado inflacionário, da peste porcina em Chinesa, e as grandes corporações fizeram um investimento muito forte em produção própria. Ademais, as macrogranjas têm eliminado a muitos competidores pequenos até deixar ao sector num nível de mínimos.
--"O presunto ibério de bellota é um dos produtos mais sãos e reconhecidos da dieta mediterránea", se pode ler em vossa página site. Não é uma afirmação um tanto exagerada?
--Sim e não. Quando falas do produto de bellota, se analisas o produto, ajuda a reduccir o colesterol e apresenta uma série de parâmetros saudáveis em frente a qualquer outro tipo de proteína animal.
--Falando de sustentabilidade... Acabais de lançar um presunto ibério num plato feito de cartón que se pode encontrar no supermercado…
--Muda-se a base, que é a parte mais grossa do plástico, e se melhora a percepção do produto. Ademais, é um produto que tem 90 dias de caducidad. A conservação é impecable e a embalagem é um mais 97% sustentável. É um valor diferencial e também tem tido muito boa acolhida na restauração.
--Como chega uma empresa familiar a exportar suas mais de 195 referências de produtos a mais de 20 países europeus?
--Faz pouco temos dobrado o espaço de produção para poder chegar a Oriente Médio, América do Sul e Ásia. Temos crescido muito rápido com esforço e ilusão e agora estamos focados na internacionalización do negócio.