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A bebida dos deuses nórdicos prepara-se num povo de Valladolid: um brindis por Beekinga

O fundador da empresa define seu produto, do que elaboram 45.000 botellines anuais, como "artesão, jovem e de tradição"

Tres personas brindan con Hidromiel Beekinga
Tres personas brindan con Hidromiel Beekinga

Entre Valladolid e Reikiavik, a capital de Islândia, há mais de 4.000 quilómetros de distância. A ambas as separa um oceano, um abismo a nível idiomático e um mundo a nível sociocultural. No entanto, há um fio finísimo e ambarino que poderia as unir: o do hidromiel, uma bebida que os vikingos já desfrutavam na Idade Média e que hoje se produz nA Cistérniga, um município localizado a quinze minutos da capital castellanoleonesa. Quem encarrega-se de preparar e comercializar este brebaje é a equipa de Beekinga.

Esta é uma empresa de jovens dispostos a plantar cara ao império da cerveja e o vinho, predominante na zona. "Beekinga é artesana, é jovem e é tradição, mas também é inovação", proclamam em seu site. Também deixam claro que o que fazem não é cerveja artesana, sina hidromiel, uma bebida totalmente diferente realizada a base de água, mel, e ervas aromáticas. Fermín Pinacho é seu fundador e diretor.

Como surgiu Beekinga

Se os gregos tinham a Amaltea e os romanos à Loba Capitolina, a tradição nórdica recolhe que Heiðrún era uma cabra de cujas ubres não manava leite, sina hidromiel, um néctar que depois tomariam os deuses em Asgard e os guerreiros caídos que descansavam no Valhalla. Desde depois, para Beekinga não tem tido nenhum surtidor mágico, nem sequer uma tradição associada ao produto à que aferrarse, senão esforço, ensaio e erro.

Dos botellas de Beekinga / BEEKINGA - FACEBOOK
Duas garrafas de Beekinga / BEEKINGA - FACEBOOK

"Eu tinha torcida por fazer este tipo de bebidas desde que era um menino", conta Pinacho a Consumidor Global. Ao voltar dos acampamentos de verão, relata, "pôs-se de moda fazer cerveja com o típico kit que vendiam por internet, que nem sequer levava malta de cevada nem lúpulo, sina uma espécie de jarabe já facto", recorda. Disposto a melhorar sua fórmula, em verdadeiro momento decidiu substituir este jarabe por mel "para ver que conseguia obter".

Uma bebida "para dar a provar aos amiguetes"

"A verdade é que tive certa sorte", reconhece Pinacho: as primeiras vezes saiu-lhe uma coisa "curiosa e potável", mas nada mais, e por suposto restringida ao coto do hobby. "Fazia uma atirada ao ano, quando muito, para dar a provar aos amiguetes e demais", conta.

A coisa floresceu, como tantas outras, durante a pandemia. "Deu-me por experimentar metendo ervas aromáticas e fazendo atiradas com mais regularidade". E o produto que saiu gostou a seus amigos. Muito. "De facto, um deles me acabou convencendo para fundar Hidromiel Beekinga e é um de meus sócios atuais", revela Pinacho.

Un grifo con el logo de la marca / BEEKINGA - FACEBOOK
Um grifo com o logo da marca / BEEKINGA - FACEBOOK

Prova e erro

Nenhum dos fundadores vinha do sector agroalimentar nem do das bebidas. Assim, dantes de se lançar a comercializar seu hidromiel, Pinacho reconhece que teve que fazer "20 ou 25 lotes, facilmente" até dar com o sabor desejado. "Para ajustar as quantidades, tanto de mel, como de especiarias ou de fruta que se queira acrescentar, sempre há que fazer retoques", afirma.

Nada de Hogsmeade nem Midgard: tudo se elabora em Valladolid. Em 2021, relata Pinacho, começaram a produzir em Peñafiel, e depois passaram a fazer nas instalações dA Cistérniga, de onde saem, aproximadamente, 45.000 botellines ao ano. Têm quatro variedades: hidromiel Tostada, Lavanda, Romero e Frutos Vermelhos. Todas têm entre 5 e 6 graus de álcool. O pack de 6 garrafas de cristal de 33 centilitros pode-se adquirir por entre 21,99 e 25,99 euros.

Lavanda, a mais querida

"MEU favorito é o de lavanda. Gosto especialmente porque para elaborá-la utilizamos de mel local e o toque de lavanda fá-lo único. Todo o que leva é produto de proximidade, de modo que estamos muito orgulhosos", conta Pinacho. Também triunfa fora: esta variedade tem ganhado vários prêmios internacionais, o último, uma prata na Copa de México de Hidromiel.

Los distintos tipos de Beekinga / BEEKINGA
Os diferentes tipos de Beekinga / BEEKINGA

Vendem a toda a Península Ibéria e Baleares através de seu site. "É a maneira mais fácil de aceder. Também estamos em Amazon", diz Pinacho, além de em alguns bares "mais alternativos" de Valladolid e Madri, além de em Canárias e outros pontos de Espanha.

Que leva o hidromiel

Não há demasiados segredos: o hidromiel é uma bebida fermentada de mosto de mel. Diferencia-se de outras bebidas alcohólicas em que o mosto se faz com mel, de modo que "podes calibrar a quantidade de mel que lhe acrescentas ao princípio", diz o fundador de Beekinga, e ajustar desse modo o dulzor.

"Está só parcialmente fermentado. Há alguns vinhos que se fazem desta maneira, mas em general, no mundo das cervejas é bastante mais raro te encontrar alguma que não esteja fermentada até o final", assinala.

Un tarro con miel / FREEPIK - aleksandarlittlewolf
Um tarro com mel / FREEPIK - aleksandarlittlewolf

Uma bebida com potencial

Perguntado pelo potencial da bebida, Pinacho responde que, desde que começaram, estão a manter um crescimento de x2 ao ano, "e o que gostaríamos é poder manter desse ritmo, ainda que a cada vez é mais difícil porque as cifras começam a ser mais importantes", expõe.

Com tudo, assegura que o do hidromiel "é um mercado que está por descobrir", e que a maioria da gente se surpreende muito ao provar o produto. Eles mesmos o comprovam quando vão a feiras e têm contacto direto com os clientes. "É bastante grato ver as reacções. É uma bebida fácil, doce, que desde o princípio entra bem, não como a cerveja ou o vinho", argumenta, mais culturais e cujos primeiros tragos, em muitas ocasiões, "custam, tens que acostumar o paladar".

Crescimento da empresa

A nível pessoal, o mais satisfatório para Pinacho tem sido ver como tem germinado sua empresa. "Desde a cozinha de minha casa até o ponto no que estamos agora. A cada vez que encontro um botellín por aí, em qualquer parte, para mim é um motivo de alegria", afirma Pinacho. Ademais, reivindica como eles lho têm guisado sem maestros e sem um recetario canónico ao que ir para se orientar.

"Algumas pessoas dizem-nos que que bem que tenhamos recuperado isto 'tão tradicional'. Mas a verdade é que a parte da tradição, em nosso caso, estava completamente perdida: não tem tido ninguém que fizesse hidromiel aqui que me tenha ensinado como o fazia ele. Não tenho tido maestros que me permitam dizer que tenho seguido uma tradição. Tem sido mais bem um redescubrimiento ou uma recreación de uma coisa que sim tem bastante história, mas que aqui se tinha perdido por completo", afirma.

Una persona con una camiseta de la compañía / BEEKINGA
Uma pessoa com um pólo da companhia / BEEKINGA

Atenção dos grandes grupos

Como sucede em outros sectores, os grandes halcones estão sempre oteando que novos animais aparecem no campo. E o tirón do hidromiel não tem passado desapercibido para eles: "Já temos tido algum contacto, muito experimental, com algum grande grupo cervecero", admite Pinacho, sem mencionar o nome da marca.

Assim, pode que de aqui a um tempo Mahou San Miguel ou Filhos de Rivera decidam fletar seus drakkars para tratar de conquistar as planícies ignotas do hidromiel. "Esperemos que para então estejamos o suficientemente bem posicionados como para poder sobreviver", ri.

Com que maridar o hidromiel

Quanto ao maridaje, não faz falta se dar um atracón como se se recreasse um banquete presidido por Odín: Pinacho indica que quando realizam provas costumam acompanhar seu Beekinga com queijos, ahumados, frutos secos ou inclusive com postres, já que, ao ser doce, funciona bem.

Só falta brindar. Qualquer desculpa, uma chorrada pode ser boa para fazê-lo, mas Fermín fá-lo-ia "pela equipa de Beekingos", ao que agradece "seu tempo, esforço e entusiasmo". Skål.

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